quarta-feira, agosto 29, 2007

Suspiros de pequenos prazeres da vida

Ingredientes:
1kg de suspiros
toneladas de pequenos prazeres

Receita:
Juntam-se pequenos prazeres da vida à banalidade do dia-a-dia. Mistura-se com a doçura da simplicidade e leva-se ao forno em forma de pequenos suspiros.

Explicações extra:
Tal como os pequenos pormenores, adoro também os pequenos prazeres da vida. Ontem dei por mim a guiar na marginal ao início da noite e a pensar nisto. A beleza e o prazer podem estar nas coisas mais banais do dia-a-dia. Aqui vai uma listinha feita esta manhã entre uma torrada e um balde de café:

- Andar descalça
- Dormir em lençóis passados a ferro
- Adormecer na praia embalada pelo som do mar
- Cantar de olhos fechados num concerto
- Um livro que me faça ficar a ler a noite toda
- Ouvir o meu sobrinho dizer “gosto tanto de ti tia Paulinha”
- Ficar enroscada no sofá em dias de chuva
- Conduzir ao som de música clássica
- Andar de havaianas todo o dia
- Cozinhar para os amigos
- Tirar um dia para pôr cremes, fazer manicura e coisas do género (as mulheres percebem…)
- Uma boa conversa acompanhada por uma bela garrafa de vinho
- Rir até chorar… sabe tão bem!

segunda-feira, agosto 27, 2007

Queijadas de orgulho português

Ingredientes:
500g de fado
1 colher de orgulho
Sintra qb para polvilhar

Receita:
Bate-se durante duas horas uma fadista a interpretar a música de todos os portugueses. Polvilha-se com a beleza nocturna de Sintra e está pronto a servir.

Explicações extra:

De um lado o convento. Do outro o castelo dos Mouros, iluminado, na escuridão da serra de Sintra. Cá em baixo, Mariza a interpretar poemas de Fernando Pessoa, com o som inconfundível de um trio de guitarras. Foi neste cenário que ontem não consegui deixar de sentir orgulho em ser portuguesa e fazer parte de todas estas tradições.
Durante as quase duas horas de concerto viajei a diversos momentos do passado. A primeira grande recordação transporta-me para as noites em Alfama em que, embalada pelo som das guitarras do meu pai e avô, adormecia ao colo da minha mãe. No ar o cheiro a tabaco, a vinho, a chouriço assado e ao perfume forte das fadistas da velha guarda que me beliscavam a bochecha e diziam que eu parecia uma boneca.

Impossível esquecer também as noites de Natal em que os serões terminavam com o meu pai à viola e as tias a tentarem (sem sucesso) dar voz à mais famosa canção portuguesa. Mais recentemente, as noites passadas com amigos na Tasca do Chico, entre imperiais e conversas animadas.
O fado esteve sempre presente na minha vida. Talvez por isso estas palavras estejam tão impregnadas na minha pele: nostalgia, sentimento, saudade, destino. Assim sou eu.

Aqui fica uma das que eu mais gosto e tento (sem sucesso!) cantar no banho.

quarta-feira, agosto 22, 2007

Paulinha em brasa

Ingredientes:
500g de discórdia
1 pitada de censura
reflexão qb

Receita:
Discute-se uma ideia durante cerca de meia-hora ao telefone e leva-se à mesa para reflectir.

Explicações extra:

Boas notícias: o meu blogue já aparece nos alertas do Google! Pensava eu que escrevia no anonimato do meu mundo privado e afinal tenho uma máquina da Gestapo bem atenta a vasculhar o meu livro de receitas…
O sucesso fugaz da “Culinária da Vida” traz no entanto alguns contratempos. Ao que parece, sou uma pessoa com responsabilidades inerentes à minha carreira... Embora nunca tenha escrito quem sou, nem assine aqui com o meu nome profissional. Um pouco contraditório, não?

Correm rumores que a “censura” não achou muita piada a alguns elogios femininos escritos neste blogue. Tudo porque conheci a pessoa em questão em contexto profissional… afinal as jornalistas são seres assexuados. Depois de saber que estava à beira da crucificação pus em causa se alguém que usa a web todos os dias e cuja máquina que tem por trás não percebe a 100% a liberdade de um blogue pessoal deveria ter a minha consideração. Mas sejamos realistas: até tem! Continuo a ter a minha elevada dose de consideração pelo trabalho realizado. O hábito da profissão obriga-me a dizer a verdade.

Mas após um período de reflexão nas minha panelas, decidi reformular ligeiramente o post da discórdia (mesmo contra os conselhos superiores) e é por isso que escrevo este texto. Amigos, leitores, vocês merecem saber porquê: faço-o porque citei duas pessoas que nada têm a ver com os meus refogados e são colegas por quem tenho elevada estima. Portanto, retiro-os desta receita . O resto é a minha visão de mulher anónima (peço desculpa se o meu anonimato incomoda) que, penso eu, não ofende ninguém. Pelo contrário.

Nunca misturei a minha vida privada com a profissão e faço questão de nunca invadir esse mesmo campo das pessoas que entrevisto. Mas parece que o contrário não acontece com tanta facilidade. Percebi na semana passada que qualquer pessoa pode opinar sobre um blogue estritamente pessoal... tudo porque trabalho em comunicação social. Portanto, admito: estou chateada. E depois de umas quantas voltas nas definições do blogue decidi que não vou obrigar ninguém a inscrições maçadoras para o poder ler.

Se os meus relatos são sobre situações diárias… e passando eu cerca de 12 horas por dia absorvida na minha profissão, é normal que a grande maioria destas receitas sejam retiradas do grande banquete que é a minha carreira. Mas para que não restem dúvidas caros leitores… neste espaço eu sou apenas a Paulinha, a mestra da culinária. E isto não é um espaço de lavagem de roupa suja, é apenas um livro de receitas da vida :)

PS – Caras companheiras de guerra, será que quando eu entrevistar o Brad Pitt e deixar aqui escrito com todas as letras que até dava uma voltinha com ele a Angelina me vem fazer uma espera? Nunca se sabe, vou ter mais cuidado…

sexta-feira, agosto 17, 2007

Paté de dissertação “SE”


Ingredientes:
1 Matrícula de um carro
200g de Observação
Dissertação qb

Receita:
Às 200g de observação mistura-se a matrícula de um carro e leva-se à panela de pressão para dissertar.

Explicações extra:
Sempre gostei de pequenos pormenores. E é neles que encontramos muitas vezes as verdades sobre nós. Um exemplo disso é a matrícula do meu carro. Sim, isso mesmo. Duas letrinhas revelam muito sobre mim. “IF”. Se traduzirmos chegamos a “SE”. Após uma breve reflexão matinal percebi que nenhumas outras letras poderiam dizer tanto sobre mim como as da minha matrícula. Olho para trás e confesso: a minha vida tem sido feita de “ses”. O universo encarregou-se de me lembrar disto através do meu carro.

Sempre pensei demais. Perco demasiado tempo a medir consequências. Mas o ser humano é uma coisa difícil de descodificar e em situações de stress consigo ser a primeira a agir… contra todas as expectativas dos meus “ses”. Nem eu própria compreendo esta minha dupla capacidade de ou “pensar demais” ou “agir com frieza rápida” nas decisões mais importantes. Analisando com calma, os “ses” são um fantasma quando toca a emoções. Um dia um namorado disse-me: “Assusta-me essa força toda que tens para a vida”. Fiquei chocada. S será que ele não sabia da existência destes “ses” todos na minha cabeça? Se calhar não. A verdade, e só agora dou conta, todos os dias visto a capa da “mulher-indiferente”, mas os “ses”, esses estão cá… mesmo que não pareça.

segunda-feira, agosto 13, 2007

O poder da bola de berlim

Ingredientes:
2 amigas em vinha d’alhos
1 raspa de noite no Sasha
1 litro de licor beirão
2 bolas de Berlim… com creme!

Receita:
Batem-se todos os ingredientes numa grande noitada e leva-se a repousar numa tenda de campismo até cair da forma.

Explicações extra:



A foto não engana. O que leva duas mulheres a terem este ar de pura felicidade, às 7 da manhã, num parque de campismo do “Portugal rural”? A resposta é simples: uma bola de berlim… cheia de creme!
Podia até ser a alegria alcoolizada da amizade que as une há mais de oito anos… ou até o facto de terem passado uma noite no sítio mais concorrido do Algarve sem pagar um tostão… ou, quem sabe, a força mágica que só a música tem de nos fazer vibrar e dançar instintivamente como se a nossa vida disso dependesse… mas não. Tudo se resume ao poder da bola de berlim (com creme, não esquecer).
Cada vez que olho para esta foto só me lembro do esquilo do Ice Age quando entra no reino dourado das bolotas... Após uma grande noite no Sasha, regada com licor beirão (a culpa do rectângulo da sombra da máquina é da “boa disposição” vivida), nada mais nos podia ter deixado com esta bela expressão de esquilo Ice Age. Um pão com chouriço tinha sido motivo de alegria, mas uma bola de berlim (comprada quase furtivamente numa carrinha de distribuição nocturna) é sem dúvida a felicidade extrema.
Ps – Huguinho, se não fosses tu o patrocinador oficial do fds esta bola de Berlim não tinha sido possível. Que fique gravado para a posteridade: és um amor! (frase rara… ainda devo estar “transentornada”)

quinta-feira, agosto 09, 2007

Salada erótica com Cicciolina

Ingredientes:
1 Jornalista bem verde
1 Pavilhão de Salão Erótico
Uns bons kilos de Cicciolina

Receita:
Bate-se (esta não é melhor palavra para o tema, mas vá lá…) uma jornalista com o Salão Erótico e adiciona-se uma mediática estrela porno chamada Cicciolina. Faz-se uma entrevista de bradar aos céus e leva-se ao frigorífico para refrescar.

Explicações extra:
A pedido de várias famílias e para que os temas do blogue parem de ser lamechas, aqui vai a entrevista mais famosa da minha breve carreira! O que eu esperava que pudesse ser uma entrevista com conteúdo (sou tão ingénua!) transformou-se num suplício. Impossível entrevistar uma estrela porno deste gabarito quando a mulher não fala do que realmente interessa aos jornalistas: sexo e política. Aqui ficam as explicações às duas habituais perguntas dos curiosos:

1 - Como é que ela é? – Palhuda de todo. Desculpem a sinceridade, mas a verdade é que a meio da entrevista já estava a bloquear com o tipo de respostas tão idiotas que recebia. Carreira política nem vê-la.

2 - É boa? – Depende do que considerem boa. Tem um par de mamas que nunca mais acaba, é verdade. Mas tá tão repuxada das plásticas que até me deu pena.

quarta-feira, agosto 08, 2007

Lasanha de músicas que me fazem sorrir

Ingredientes:
1 dúzia de cd's esquecidos
500g de "Inside Out"
1 rádio do carro bem alto

Receita:
Encontra-se um caixa de cd's perdida no carro e escolhe-se um ao calhas para cozinhar no rádio. Bate-se bem e reencontra-se uma música que se adorou em tempos e polvilha-se com um sorriso.

Explicações extra:
Esta manhã vinha a tentar acordar pela A5 fora e decidi ouvir um cd que há muito estava perdido na minha caixa amarela da JB. Há músicas que marcam certos momentos das nossas vidas e esta foi uma delas. Adoro a simplicidade da letra. Se eu tivesse uma banda sonora da minha vida esta estaria lá de certeza.



Aqui fica também a letra:

«The biggest lie you ever told - your deepest fear bout growing old
The longest night you ever spent - the angriest letter you never sent
The boy you swore you would never leave - the one you kissed on new years eve
The sweetest dream you had last night - your darkest hour, your hardest fight
I wanna know you - like I know myself
Im waiting for you - there aint no one else
Talk to me baby - scream and shout
I want to know you - inside out

I wanna dig down deep - I wanna lose some sleep
I wanna scream and shout - I wanna know you inside out
I wanna take my time - I wanna know your mind
You know there aint no doubt - I wanna know you inside out

The saddest song you ever heard - the most you said with just one word
The loneliest prayer you ever prayed - the truest vow you ever made
What makes you laught, what makes you cry
What makes you mad, what gets you by
Your highest hight, your lowest low - these things I want to know
I
wanna know you - like I know myself
I'm waiting for you - there aint no one else
Talk to me baby - scream and shout
I want to know you - inside out

I wanna dig down deep - I wanna lose some sleep
I wanna scream and shout - I wanna know you inside out
I wanna take my time - I wanna know your mind
Ya know there aint no doubt - I wanna know oyu inside out
I wanna know your soul - I wanna lose control
Cmon and let it out - I wanna know you inside out
Ya gotta dig down deep - I wanna lose some sleep
I wanna scream and shout - I wanna know you inside out
Tell me everything...»

sexta-feira, agosto 03, 2007

Salada de nostalgia com Vítor Espadinha

Ingredientes:
500g de nostalgia
800g de confusão
1 Pitada de Vítor Espadinha

Receita:
Bate-se a nostalgia com a confusão e envolve-se umas quantas palavras certeiras do Vítor Espadinha.
Rega-se com um longo suspiro e está pronto a servir.

Explicações extra:

“A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas… nos carros… nas pontes… nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! Ora doce!
Para nos lembrar que o amor é uma doença,
quando nele julgamos ver a nossa cura!”


Cliquem aqui se quiserem relembrar a música dos Ornatos Violeta.