sexta-feira, setembro 28, 2007

Torta de paixoneta por mim mesma

Ingredientes:
500g de optimismo
Uma tablete de Paulinha
Amor-próprio qb

Receita:
A uma tablete de Paulinha bem aviada junta-se o optimismo. Numa forma bem untada leva-se ao forno e deixa-se crescer até subir o amor-próprio.

Explicações:
Há uns dias uma colega disse-me: “São dez da noite, estás a trabalhar há horas e horas mas tens um ar tão saudável. Acho que nunca te vi com má cara”. Caí em mim: este é o reflexo do meu optimismo pela vida… muitas vezes absurdo, tenho de admitir. Sempre fui estupidamente positiva e nos últimos meses, contra todas as expectativas, quase que me sinto apaixonada por mim mesma.

Gosto de acordar de manhã e sentir-me de bem com a vida. É o que me tem acontecido. Sinto-me bem comigo mesma, olho ao espelho e continuo a gostar do que vejo, mesmo consciente de todas as imperfeições que agora me parecem perfeitas.

Tenho saudades, por vezes muitas, sinto-me cansada, porque corpo não é de ferro, fico desmotivada quando olho para a minha conta bancária e para as poucas perspectivas de rápidas melhoras, mas, mesmo assim, sinto-me estupidamente feliz. Feliz comigo mesma.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Caçarola de maquilhagem ao volante

Ingredientes:
150g de maquilhagem
1 volante e um espelho retrovisor
120 euros de multa

Receita:
Junta-se um mulher, um baton e um espelho retrovisor numa caçarola. Junta-se um polícia e apaga-se o lume antes que levante fervura.

Explicações:
Venho por este meio expressar a minha indignação contra as multas (docemente apelidadas de coimas) que os senhores polícias passam às condutoras, em puros actos de revolta masculina! Esta semana a minha querida amiga Cátia foi multada em mais de 100 euros por estar a passar baton nos lábios (do cieiro!) enquanto conduzia. Não sabia sequer que isto podia acontecer.

Será que ninguém percebe que entre carreiras puxadas a ferros e vidas domésticas atribuladas (tudo em saltos altos, é bom lembrar!), nós mulheres acabamos por não ter tempo para coisas tão básicas como a maquilhagem? Quantas vezes aproveito eu os três semáforos e as portagens que separam o meu percurso casa/trabalho para dar um toque à cara ou pintar as unhas. Ao fim de um ano, já podia estar a dever ao Estado pelo menos uns 36 mil euros por tal infracção ao volante!

Será que também há multas para todos os homens que já vi a tirar macacos enquanto conduzem ou até mesmo a ler jornais desportivos em cima do volante? Não me parece.

Cátia, estou solidária!

sexta-feira, setembro 21, 2007

Bíblia no forno do inferno

Ingredientes:
3 actores
500g das sagradas escrituras
Paródia qb

Receita:
Misturam-se três actores semi-nús, o sumo da fruta proibida e várias talhadas das sagradas escrituras. Leva-se ao forno infernal da Companhia teatral do Chiado e deixa-se tostar até doer a barriga de tanto rir.

Explicações:
Quando morrer vou direitinha pró inferno. Sou uma herege, admito. Para grande desgosto da minha mãe e afins.
Ontem tive a oportunidade de ver a estreia da peça “A Bíblia: toda a palavra de Deus sintetizada”. Como não podia deixar de ser, adorei. Mais uma vez a Companhia Teatral do Chiado volta a provar que é mestra na arte da comédia (lamento a todos os que não conseguem perceber o humor destes profissionais: eu gosto).
Sempre me incomodaram as “contradições católicas”, as dízimas, a inquisição, o celibato e coisas do género que têm feito parte da sua história. Respeito os seguidores, tal como respeito os adeptos de outros clubes de futebol, mas não me peçam para acreditar.
Só tenho pena que a peça não foque melhor a parte da Maria Madalena e do seu suposto caso escaldante com o Jesus. Possivelmente quem fez a adaptação não quis entrar em concorrência com o Dan Brown. Mal posso esperar pela crítica mesquinha dos falsos pudicos do nosso querido Portugal…

terça-feira, setembro 18, 2007

Tortilha fugaz

Ingredientes:
Barcelona
1 passeio nocturno

Receita:
passeia-se por Barcelona à noite, misturando bem as luzes dos candeeiros com as sombras do Bairro Gótico. Troca-se um sorriso com um estranho e leva-se a fritar ao som da música "Aranguês"

Explicações:
Há momentos que nos marcam e não sabemos explicar porquê. Segundos de partilha fugaz, cuja intensidade perdura na nossa memória como se da cena de um filme se tratasse.

Barcelona, Bairro Gótico, início da noite.
No meio de muitas reflexões silenciosas caminho pelas ruas cinzentas e cheias de sombras do Bairro Gótico de Barcelona. Ao fundo oiço os acordes de uma música familiar: "Aranguês". Enquanto caminho, a minha infância passa-me pelos olhos como pequenas flashadas. O meu pai a ensinar o meu irmão a tocar viola, eu a balançar com as pernas sentada no sofá enquanto decorriam os longos ensaios do trio de guitarras do meu progenitor. Por fracções de segundo quase sinto o cheiro do incenso que a minha mãe queimava religiosamente nas tardes musicais da minha casinha de São Bento.

Avanço mais um pouco e vejo-o pela primeira vez. Como se um iman me puxasse viro a cabeça na sua direcção e sorrio. O sorriso é-me retribuido durante 2 ou 3 segundos que pareceram eternos. Numa rua escura de Barcelona ele continuou a tocar como se percebesse que aquela música era mais uma das que inevitavelmente fazem parte da banda sonora da minha vida. Chamava-se Álvaro (soube quando me aproximei mais tarde para pedir que voltasse a tocar aquela música). Senti vontade de chorar. Nunca antes me tinha sentido tão em sintonia com um estranho, sem ter de trocar uma palavra. Nem sequer sabia que era possível.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Cocktail de àgua italiana

Ingredientes:
1 passeio de barco
2 italianos
2 viajantes
gondola qb

Receita:
Juntam-se os dois italianos com as duas viajantes e bate-se com muita àgua de um rio de Padova.

Explicaçoes:
Imaginem dois italianos bem engraçados que decidem levar uma portuguesa e uma brasileira a dar um maravilhoso passeio de barco a remos num rio de Padova. As damas sentadinhas e os rapazes a cantarem musicas romanticas bem ao estilo italiano. Maravilhoso, nao è? Teria sido perfeito se eu nao tivesse caido ao rio no fim da viagem.
é verdade... como ja è sabido eu sou um desastre andante. A tarde romantica acabou comigo dentro de àgua (com telemovel e dinheiro da viagem incluido). A Margareth gritava "Pauuuuuulinhaaaa", o Paolo exclamava "porca putana" e o meu grande amigo Fillipo repetia "Dio Santo!" sem parar. Enfim, uma apresentaçao em grande em terras italianas.
Tenho a perna e o pè com umas boas manchas negras e continuo à espera de acordar amarela e com 40 de febre... tudo porque a àgua estava infectada com uma doença qualquer dos ratos!
Tirando este triste mas hilariante episodio, estou a adorar a itàlia! A comida, o habito do vinho pela tarde fora, as pessoas... os homens, claro! Agora percebo o porque da sua fama...
Prometo deixar fotos em breve!