quarta-feira, janeiro 30, 2008

Melão com presunto

Ingredientes:
1 talhada de melão
1 fatia de presunto
500g de ironia

Há certas alturas em que se diz convictamente: "tem tudo para dar certo". Seja por causa do destino, seja simplesmente por aquelas coisas ficarão garantidamente bem juntas. Tal como o melão e o presunto ou o pão e a manteiga.
No entanto, na minha vida nem sempre isto acontece. Revendo algumas das situações e pessoas que passaram por mim nos últimos anos, chego à conclusão que na grande maioria das vezes o que à partida “tinha tudo para encaixar” (outra expressão que adoro) acaba por sair tal qual uma massa de bolo mal batida que fica aos grumos.
Como se eu fosse uma fatia de melão, mas o presunto fosse daquele que parece perfeito mas afinal até estava mal curado. Ou como se eu fosse um bom bife do lombo, mas as batatas, que pareciam um perfeito acompanhamento, estavam afinal fritas demais. Tudo isto me faz lembrar de uma música que ouvia insistentemente há uns 13 anos atrás. “Ironic”, da Alanis Morissete. Irónico ou não, afinal, contra todas as expectativas, não tinha tudo para dar certo. Talvez noutra altura. Noutra talhada de melão.

domingo, janeiro 27, 2008

Quente e bom...

Que eu tenho uma boa relação com a comida não é novidade. Agora que a comida também está ligeiramente obcecada em meter-se no meu caminho é outra verdade. Fui perseguida. Dentro do espírito de vida saudável que tenho tentado levar, decidi experimentar uma aula de body combat. Em boa companhia, lá fui eu, pronta para bater em todas as frustrações dos últimos tempos. No meio de quase cem pessoas saltei, esmurrei, gritei, ri e suei como se não houvesse amanhã. Finda a aula, ouvi o professor gritar: "a menina de verde venha cá!" E lá estava ela... a comida a perseguir-me quando tudo o que eu queria era mandar abaixo umas quantas gramas das minhas regueifas. Sem perceber muito bem como, ganhei o prémio da aluna mais esforçada da aula. E qual era o prémio? Agora vão perceber: 20 euros em comida no café Quente&Bom... com um nome destes quem é pode resistir aos doces prazeres da gula? A fome aperta, isso é uma realidade.
Fica-me uma dúvida: será que o professor simplesmente engraçou com a minha t-shirt (que levei propositadamente para gozar com aquelas criaturas que vivem para o culto do corpo) ou será que a comida está decidida a perseguir-me tal qual uma louca obsessivamente apaixonada? Como diria alguém que eu conheço... Medo, muito medo!

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Refogado de coisas que nao fiz

Ingredientes:
7kg coisas que queria fazer
500g de planos
raspas de sol e mar

Receita:
Há dias em que planeamos fazer um rol de coisas e quando chegamos à cama concluimos que todos os planos foram em vão. Como na preparação de um bom prato: partimos em bocadinhos os ingredientes, idealizamos os temperos que lhes vamos dar e esperamos pela altura certa para os pôr no tacho... mas nem sempre há lume para passar à acção. Hoje foi assim:

- Não fui à aula de hidroginástica que ando há semanas para experimentar
- Não telefonei a um amigo de quem já tenho saudades
- Não tive tempo de ir comprar um presente que tem de ser especial
- Não pus uma pedra num assunto que me anda a moer há meses
- Não cheguei a horas de fazer o bacalhau no forno que pensei de manhã
- Não pus um ponto final ao cd de música lamecha que tenho no carro
- Não consegui levar a cabo a dieta e acabei por comer uns maltesers que andavam aqui perdidos

No entanto, depois de algumas horas em lume alto na panela do trabalho e de bem mexidos todos este pedacinhos de coisas que queria fazer e não fiz, continuo com um sorriso idiota na cara. Serei eu uma fraca ou simplesmente uma tonta?
Talvez seja apenas um reflexo de uma coisa que não tinha planeado e fiz: ir à praia à hora de almoço. O sol e o mar têm este efeito adocicado nos meus refogados. E nem sempre é preciso planear tudo para nos sentirmos bem.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Uma questão de tomates

Ingredientes
Variedade de tomates

Na vida, tal como a cozinhar, nem sempre usamos os mesmos tomates. Há alturas em que têm de ser grandes, outras em que os mais pequenos podem ser uma mais-valia. Quando me lançam um desafio profissional agarro no meu par de tomates grandes, daqueles bem rijos óptimos para salada, e atiro-me de cabeça pronta para levar todas as sapatadas e mais algumas. Já nas relações amorosas, não consigo mais do que uns tomates daqueles bem moles que só servem para fazer um refogado. Se bem que nos últimos tempos não passo de um mero pacote de polpa, daquela de linha branca.
No dia-a-dia, com o meu ar low-profile, ando munida de uns tomatinhos cherry, pequeninos, mas rijos… E caso alguém se meta com algumas das pessoas de quem gosto, estes tomates transformam-se em dois belos exemplares daqueles com rama e tudo e saem disparados prontos a enfrentar o mundo.
Se eu fosse um tomate, seria um daqueles “chucha”. Meio achatado, nem rijo nem mole, maravilhoso quando cortado aos pedacinhos e temperado com muitos orégãos, azeite e bom-humor. Sejam eles com rama, rijos, moles, cherry ou chucha, o importante é termos um par deles. Nem que seja para dar um bocadinho de cor à vida. Porque no fundo, é tudo uma questão de tomates.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Ainda sobre as palavras salteadas

Quando não há palavras ideiais para dizer, podemos trocá-las por exemplo por uma música. Há letras que dizem tudo. Uma boa técnica que já usei umas quantas vezes. Por exemplo, neste momento há uma música que me faz querer ter a boca calada. Mais uma vez a Ana Moura. A música chama-se "Aguarda-te ao chegar". Salgadas, doces, azedas. Todos os sabores estão presentes nestas palavras.



A frase: "No infinito estendo os meus olhos, um mar de mil desejos aguarda-te ao chegar"

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Um breve apontamento sobre guaraná e ginseng

Não resiti a deixar esta foto aqui. Conheço uns quantos homens que se fossem fotografados seria esta a imagem final após a revelação e impressão. A imagem foi retirada de um texto sobre: "la concepción del sexo como una especie de disciplina olímpica está provocando que muchas sustancias de origen vegetal, como el ginseng, guaraná o tríbulus estén viviendo una segunda juventud a causa de sus presuntos beneficios afrodisíacos".
No blogue "Cama redonda", do El Mundo, é disto que se fala.

terça-feira, janeiro 15, 2008

Palavras salteadas

Há alturas em que as palavras são precisas. Têm de ser ditas. Têm de ser ouvidas. Porque não escritas e lidas. Uma palavra a mais pode mudar tudo. Uma a menos também. Mas a sua ausência é um mistério.
Adoro quando não são precisas palavras. Quando basta um olhar. Um sorriso. Até mesmo uma simples cotovelada. Já disse muitas vezes que prefiro um silêncio cúmplice a mil palavras. E até sempre fui boa nesses silêncios. Mas agora não é isso que me apetece. Quero todas as palavras (as mil que podem ser reduzidas a 2 ou 3), todas as letras. Porque o silêncio já não condiz comigo. Estarei a mudar?
Como diria uma música da Mariza, que me levou a escrever este texto cheio delas, “há palavras que nos beijam como se tivessem boca”, “palavras que se recusam”, “de repente coloridas entre palavras sem cor”, “esperadas, inesperadas, como a poesia ou o amor”.
Porque um olhar nem sempre é possível. E porque eu digo sempre o contrário do que na verdade gostava de dizer.

Tabletes de atracção

Ingredientes:
500g de tabletes de chocolate
Pedaços de atracção

Receita:
O que nos leva a sentirmo-nos atraídos por alguém? Já fiz esta pergunta diversas vezes a mim mesma e nunca descobri uma resposta infalível. A única coisa que sei é que não há regras. Acontece e pronto. Fazendo uma retrospectiva dos homens que já me atraíram, penso que a única coisa que tinham em comum era o sentido de humor. Gosto de homens que me saibam fazer rir. E que consigam ter jogo de cintura para o humor irónico que me é tão característico quando me interesso por alguém.
Muitas vezes perguntam-me: qual é o teu tipo de homem? Também nunca tive uma resposta 100% satisfatória para dar. Sempre achei piada aos homens atrevidos. Mas já namorei com um muito tímido que me atraía (e muito). Também sempre gostei de homens independentes. Contudo, já me apaixonei cegamente por uma pessoa que além de namorada me queria como segunda mãe. Atraem-me homens meigos… mas também não resisto a um mauzão tipo Mourinho. Sempre gostei deles arranjadinhos, mas há poucos dias fiquei arrebatada por alguém que tinha a camisa rota e o cabelo desalinhado.
Como diria o livro: “os homens são como chocolate”. Prefiro o chocolate negro, mas de vez em quando não resisto a uma tablete de branco. Sempre tive reservas em relação aos frutos secos, mas já dei por mim a dar valentes trincas em chocolates com avelã. Não sou adepta de recheios, mas confesso que um Mon Cheri de vez em quando até cai bem. Com os homens também é assim. Pode não ser o que idealizamos, mas a vontade de provar pode aparecer à mesma.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Prato do dia: doces, para a alma!

Há dias em que a cabeça serve só para enfeitar o pescoço. Dá-se voltas e mais voltas mas não há concentração que chegue à cozinha. Por isso mesmo, hoje não há cozinhados requintados para o jantar. Apenas algo doce, como esta música.



A frase: "Sweet like candy to my soul... lost for you, I'm soooo lost for you"

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Tacho queimado

Só quando nos defrontamos com a iminência de uma tragédia é que nos apercebemos realmente da capacidade de amor incondicional que possuímos. Durante anos odiei-o em silêncio. Admito que durante algum tempo foi por orgulho. Decidi perdoar, mas a indiferença continuava presente. E agora, quando a tragédia surgiu como desfecho de uma história eternamente mal resolvida, percebi que o amo… mesmo quando a razão me diz friamente que não devia.
O amor incondicional é como um cozinhado que fica queimado. Muitas vezes não o desejamos, tem um gosto perturbador, mas não há forma de o evitar. Podemos adicionar água, retocar os temperos, tirar apenas o que está por cima, mas o gosto a queimado já não sai. Podemos também esfregar o tacho com mil esfregões de arame, mas as marcas da queimadura dificilmente desaparecerão. Tal como o amor.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Champanhe com malaguetas

Ingredientes:
1 molho de mulheres fresquinhas
Alguns litros de champanhe
500g de malaguetas

Receita:
Juntam-se alguns litros de champanhe a um molho de mulheres fresquinhas num jantar/ceia/pequeno-almoço de reveillon. Agita-se enquanto se faz o balanço do ano e serve-se com as malaguetas.

Como já tinha dito anteriormente, tenho o hábito de fazer o balanço no final do ano. Costumo fazê-lo a dois, mas como desta vez não havia ninguém suficientemente sério para ocupar o lugar, foi entre amigas que a conversa surgiu. E porque nem só de coisas melancólicas os últimos tempos foram feitos, a conversa culminou numa combinação saborosa de champanhe com malaguetas. Os morangos ficam para o próximo ano.
Aqui ficam as pérolas do fimdetarde/noite/madrugada/manhã… com salpicos de água salgada e muita boa disposição:

Parola 1 – "Foi em Tomar, devia ser do ar. Ao fim de dois dias nem me conseguia lavar"
Parola 2 – "Nem ela estica, nem a malta arrebita"
Parola 3 – "A primeira é para a aquecer, a segunda é a valer"
Parola 4 - "Queria eu começar 2008 numa noite selvagem com um metaleiro e acabo a dormir contigo num sofá"

Uma pitada de açúcar

Ultimamente dou por mim na expectativa por causa dos pacotes de açúcar. Adoro café (e bebo mais do que devia), mas é o açúcar que agora me faz sorrir diariamente. Nunca fui de fazer colecções, mas volta não volta acabo a pôr pacotes de açúcar no bolso... só para guardar as frases que lá vêm escritas. Aqui ficam as três que guardo no placar:
- "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos" da Chave d'Ouro
- "Se a coragem é uma jogada infalível, acorda o Natal que há em ti"
da Delta
- "Um dia farei de ti a pessoa mais feliz do mundo. Hoje é o dia"
da Nicola

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Dançar o tango na cozinha

A minha meta para 2008 é aprender a dançar o tango.
Vou pôr a rosa vermelha na boca e dançar arrebatadoramente. Com passos suaves, mas firmes. Deslizar com calma quando a vida assim o exigir, mas também bater o pé com força quando o ritmo soar mais forte. Olhos nos olhos. E com um sorriso quando me deixar levar pela música. Espero que me deixe levar muitas vezes.