quarta-feira, novembro 26, 2008

Prato do dia: Bifes

Bifes. Quem não gosta? Ao longo da minha carreira culinária, que começou nos meus 14 anos, percebi que o grande segredo para este prato era simples: bate-los com o martelo repetidamente até ficarem sem nervos.
Quando tenho a certeza que um bife é saboroso bato-o exaustivamente até conseguir deixá-lo tenro. Posso juntar-lhe alho para dar um sabor mais intenso a esta relação cozinheira/ingrediente, quem sabe um pouco de sal para dar um sabor mais firme em épocas de indecisão, pimenta (indispensável!) porque um bom bife tem de picar ligeiramente na língua. Mas as batidelas carinhosas do meu martelo são a chave de tudo.
Quando acho que um bife não vale a pena atiro-o para dentro da minha frigideira, dou-lhe duas voltas e, com a tampa em cima, deixo ficar em lume brando a ver o que acontece. Não desisto logo porque nunca se sabe se dará jeito para um prego. Mas nunca passará disso. Agora aqueles em que insisto em bater, é porque valem a pena. E pacientemente vou mantendo o martelo na mão. O martelo do coração.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Refeições perfeitas

Nem sempre uma receita tem de ser especial para ser perfeita. Na minha cozinha aprecia-se, por exemplo, a simplicidade do pão com manteiga. Perfeito! Ou então o tão comum bife com batatas fritas. Perfeito! Ou ainda, um simples rosé do Lidl (parola 1, esta é para ti!). Perfeito!
Os meus últimos dias tem sido apimentados por momentos simples, mas perfeitos. Uma sauna recheada com conversas muito à Sexo e a Cidade. Um hábito nocturno via sms com cobertura de descoberta. Gestos inesperados, mas atrevidos, que trazem de novo a expectativa do caril... do mais simples e picante.
E porque todos o pratos perfeitos devem ser celebrados, aqui fica a música (parola 2 muito obrigado!) que seria a banda sonora desta refeição.

domingo, novembro 16, 2008

Omeleta simples

Para fazer uma omeleta (como deve ser) são precisos pelo menos dois ovos. Quando um deles não está cem por cento pronto para receita, inevitavelmente acaba tudo numa sucessão de ovos mexidos que, embora saborosos, serão eternamente separados… em bocados perdidos algures na frigideira.
Esta semana alguém me disse: “Estás com um ar decidido. Passou-te a tristeza?” Ora nem mais. Percebi que tenho vontade de comer omeleta e que não posso ficar eternamente em busca dos ovos de codorniz compatíveis (em vontade, principalmente) para a cozinhar. Por isso mesmo abri o frigorífico das minhas emoções e espreitei, com cuidado, a ver se a caixa de ovos dos normais há muito lá guardada continuava a esperar pacientemente. Decidi abri-la (sem lhe dizer porque é segredo e eu ainda não tenho a certeza) e surpresa das surpresas: achei os ovos maravilhosos. E em vez de uma omeleta arrebatadora imaginei uma omeleta simples. Sem recheios, sem complicações, sem indefinições no sabor. Pareceu-me bem. Talvez o menu venha a mudar em breve por estes lados.

quinta-feira, novembro 13, 2008

Especiarias desarrumadas

Há uns dias alguém me enviou esta sugestão de banda sonora para a cozinha. Alguém que percebeu a desarrumação das especiarias que nos últimos tempos invadiram as minhas prateleiras, habitualmente recheadas de decisões firmes. Aqui vai a explicação para todos os que, com o coração de manteiga, me deram as maiores (e mais doces!) reprimendas de sempre.

segunda-feira, novembro 10, 2008

Biscoitos do principezinho

Receita: “Tu tornas-te eternamente responsável por aquilo que cativas”
Há palavras doces como mel e suaves como manteiga, mas que, quando paramos para pensar, podem ter um lado bem estaladiço e verdadeiramente pesado como os biscoitos secos que as avós nos fazem. Sempre me impressionaram as grandes verdades quando são ditas de forma ternurenta. E talvez por isso tenha lido vorazmente “O Principezinho” por mais do que uma vez. Agora apetece-me voltar a pegar nele. E entre uma caixa de biscoitos da verdade e umas pausas para reflexão, há frases que ficam para sempre:

“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível para os olhos.”
“Se tu vens às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.”
“Aqueles que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”

quarta-feira, novembro 05, 2008

Marmelada sympathica... em vinha d'alhos

Sobre o último fim-de-semana gastronómico só meia dúzia de apontamentos para o meu livro de receitas: descobri que no sul do país a marmelada é sympathica, que entre os que me rodeiam há quem não tenha problemas com a bebida e pelo contrário até se dê muito bem com ela. Há outros que não a aguentam. De todo.
No meio de exageros no prato, descobri também que à mesa os beijos roubados voltaram a ser moda. Que as longas conversas servidas no forno antes de dormir podem provocar insónias desastrosas. Que uma caminhada no campo pode ser aniquilada em três tempos com amêndoas e bacalhau da mãe. E ainda em vinha d’alhos reflicto sobre tudo isto e concluo que em conjunto somos uma bela caldeirada!