terça-feira, dezembro 29, 2009
Protecção de leite
P - E porquê meu amor?
D - Porque assim fico mais quentinho… e tomo conta de ti.
Sorrio e aconchego-o contra o meu peito. Abraço-o no gesto de protecção que sei mais dar do que receber. Sinto-lhe a respiração, os pés entrelaçados nas minhas pernas e invade-me a maior das ternuras. Tantas vezes quis que alguém tomasse conta de mim. Que me dissesse: não te preocupes, eu estou aqui. Já algumas pessoas o tentaram. Poucas o conseguiram. Mas o Diogo, com oito anos, hoje conseguiu. Na forma mais genuína de todas… com o coração.
domingo, dezembro 27, 2009
Flã de liberdade
"Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci
Trago boca pra comer
e olhos pra desejar
tenho pressa de viver
que a vida é água a correr
Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder
minha barca aparelhada
solta rumo ao norte
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham
nem forças que me molestem
correntes que me detenham
Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu
Com licença com licença
que a barca se fez ao mar
não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar
com licença com licença
com rumo à estrela polar"
"Fala do homem nascido", António Gedeão
sexta-feira, dezembro 25, 2009
Luz apagada
quinta-feira, dezembro 24, 2009
Rabanadas
Hoje, enquanto oiço fado e bebo um café num sofá que tantas vezes não consigo sentir como meu, penso nelas. Nas rabanadas da minha vida. Aquelas que entraram sem ser minha escolha. As que, quando dei conta, tinha escolhido. Todas, alvo de carinho incondicional. Decido não enviar sms natalícias em massa. Este ano falo apenas com aqueles que fazem parte da minha travessa de rabanadas. Não são muitos. Alguns passarão pela minha mesa, outros pelo meu telefone, outros eternamente pela minha memória até nos reencontrarmos num mundo longe daqui. Serão para sempre aqueles a quem poderei dizer que não, mas a quem nunca virarei a cara. Aqueles que tantas vezes me magoam, mas também amam… na sua estranha forma de amar. Aqueles por quem partirei… e também voltarei. Aqueles por quem farei as maiores loucuras… E os maiores erros. Aqueles a quem perdoarei todas as dores. Aqueles em quem descarregarei as minhas frustrações… porque sei que estarão sempre lá. Aqueles a quem darei a mão e em cujo ombro chorarei mais uma vez. Aqueles em quem pensarei quando estiver longe… e quando estiver perto. Aqueles que fazem parte de mim. Aqueles por quem nunca vou desistir. A minha gente.
segunda-feira, dezembro 21, 2009
Bolachas
domingo, dezembro 20, 2009
Frase batida
quinta-feira, dezembro 17, 2009
Papa Nestum
segunda-feira, dezembro 14, 2009
Vinho
sexta-feira, dezembro 11, 2009
Molho de natas com cogumelos
Dou por mim envolvida em molhos de natas e cogumelos improváveis onde o que menos esperamos se torna numa probabilidade. Desconhecidos tornam-se conhecidos. Noites calmas transformam-se num carrossel onde me sabe bem estar. Gosto de telefonemas improváveis que me mudam o rumo de um dia e me levam de volta a refúgios onde há muito não ia... para ficar. Agora num carrossel de calma. Gosto da sinceridade desses momentos, dos olhos que, embora tenham entrado na minha vida num passado recente, me conhecem e me fazem sentir viva na minha simplicidade e dúvidas constantes. Simplesmente eu. A rir alto. A comer com a mão. A cantar desafinada. A dar um abraço apertado só porque me apetece. Gosto de dizer: "apetece-me escrever" e em resposta ter um sorriso cumplice de quem me lê nas entrelinhas. Gosto de escrever este post com os copos e ter noção de que amanhã não o quererei apagar porque simplesmente é uma improbabilidade provável... envolvida em molho de realidade. Gosto. Gosto mesmo.
quarta-feira, dezembro 02, 2009
O (real) prazer de cozinhar
segunda-feira, novembro 30, 2009
Chocolate de chuva
Durante muito tempo achei que não tinhas o direito de ir embora daquela forma airosa e inesperada, sem sequer te despedires. Mais tarde percebi que nunca o poderias ter feito de outra forma: sempre foste o mais forte. Pensei muitas vezes ir ao teu encontro. Nunca fui. Na realidade, ainda não percebi se fará sentido ir. Um dia, talvez um dia, decida meter-me a caminho e falar contigo no silêncio. Mas hoje (e amanhã e depois também) não me apetece chorar.
Hoje comi um chocolate no meio da minha eterna solidão repleta de gente. Lembrei-me de ti. Lembrei-me daqueles bombons do Natal, dos teus olhos a brilhar, da forma como riamos naquela altura. Tive saudades. Nem sabes como. Um dia, seja onde for, vamos falar sobre isto.
quinta-feira, novembro 19, 2009
Beleza na cozinha
Vejo as caras que, no meio do stress, têm tantas vezes um sorriso quando eu passo. Almoço com elas, entre piadas brejeiras e percebo que uma gargalhada me enche a alma de cada vez que a dou. Gosto de rir. Gosto mesmo. Faço questão de voltar ao passadiço de um prédio frio ao fim da tarde só para ver as cores do pôr-do-sol que (só) descobri inesperadamente tantos anos depois de ali estar. Sinto o vento na cara, os lábios gretados, o casaco que me roça no queixo… e sei que a natureza será sempre mais forte que eu. E é tão bom que assim seja.
Hoje volto a perceber que a beleza está em todo o lado. Que não quero perder tempo a remoer no que me tolda esta visão. A hesitar, a pensar duas vezes quando me apetecer sugar tudo de forma espontânea. O mundo não pára. Eu também não. Falta apenas saber ver a beleza deste eterno tic-tac.
quarta-feira, novembro 18, 2009
Envelope recheado com doce
“Paulinha (como no fundo tu gostas)
Lembra-te da felicidade que sentiste em Ubud e alivia o teu coração. Acredita em ti. Não tenhas medo. Recorda aquele jantar: ‘Passei anos à procura da chave e a porta esteve sempre aberta’. Se precisares de mudar, muda. Se tiveres vontade de te entregar, entrega. Vive! Sorri!
Viver é maravilhoso. Seja nas montanhas tailandesas, nos campos de arroz balineses ou em Lisboa, lembra-te sempre de ser feliz”.
Decido partilhar esta mensagem porque acho que se adequa a muitos dos que por aqui passam. Palavras simples, escritas de mim para mim. Porque sabia que o regresso a casa estaria envolto em confusão… e porque nunca ninguém nos conhecerá melhor do que nós mesmos. Recebo esta mensagem com várias semanas de atraso (como eu gosto da lentidão da Indonésia…). Pensei que se tinha perdido, mas chega ironicamente no dia em que precisava dela. Deixo de tentar perceber os porquês destes acasos. Mas tiro a conclusão a que tantas vezes já tive de chegar: só eu estarei sempre lá para mim. Não sorrio, mas sabe-me bem ter esta certeza.
terça-feira, novembro 17, 2009
À luz da vela
segunda-feira, novembro 16, 2009
Palavras amanteigadas
quarta-feira, novembro 11, 2009
Refeição completa
Tolice é viver a vida assim, sem aventura... Deixa ser pelo coração, se é loucura então... Melhor não ter razão". Gosto da calma. Mas também gosto do risco. Fecho a porta... e volto a abri-la. Desligo o fogão, mas acendo o forno. Sou uma cozinheira contraditória, eu sei. A isto se chama (vontade de) viver. Acho eu.
Sopa de defesas maduras
Lombos de vontade enrolados em massa racional
Delícia de não querer saber
domingo, novembro 08, 2009
Puré
Podemos tentar ser puré duro. Sei do que falo. Juntar menos leite, menos manteiga… mas, e se de repente, nos apetecer acreditar (!) que amolecer é muito mais saboroso? Seja em formato batata, com toda a sua consistência enraizada, ou mesmo em formato maça… tão doce. Não é fácil. (Para quem não está habituado).
Enjoy:
sábado, novembro 07, 2009
Entre tachos... com o super-homem
Rio. Como há muito não me ria com ele. Regressar a casa tem destas coisas. Encarar aqueles que não fomos nós que escolhemos ter nas nossas vidas mas por quem, por mais voltas que o mundo dê, temos um sentimento incondicional. Não sei se é amor, mas não consigo não gostar dele.
segunda-feira, novembro 02, 2009
Cozinha com as luzes (ainda) apagadas
quinta-feira, outubro 29, 2009
Digestivo
Decido passar o meu ultimo dia desta viagem sozinha. Durmo na praia. Leio. Olho para o mar de Bali e penso em tudo e em todos que conheci durante este mes. Cai o sol, vejo tudo em tons laranja. Filhos e pais brincam dentro de agua como se fosse fim-de-semana. Oico os miudos a rir alto. Sabe tao bem. A calma que experimento enche-me o coracao. Como se tivesse descoberto o meu lugar.
Sei que um dia vou aqui voltar. Talvez volte a chorar sozinha sem qualquer motivo. Apenas porque a emocao paira no ar. Porque aqui me sinto em paz. Como ha muito nao sentia.
quarta-feira, outubro 28, 2009
Sopa de astros
Durante uma hora leem a minha vida. Dizem que nesta encarnacao estou ca para aprender a passar a palavra, mas num nivel mais baixo. Consta que sou esperta demais. Que noutras vidas terei tido o dom da palavra... e que nesta tenho de aprender a gerir toda a sabedoria sendo apenas uma rapariguinha num pequeno pais chamado Portugal.
Dizem-me que, por mais que o ponha em causa, o meu trabalho sera sempre preponderante no meu destino. Quero ajudar a salvar o mundo (quem diria?). Ao que parece os meus tachos vao dar que falar. Vou-me relacionar com gente influente... embora nao goste muito de pessoas dominadoras. Vivo, por isso, num constante duelo entre a grandeza e a simplicidade. E ao que parece que nunca vou chegar a decidir...
Diz o mapa que terei filhos. Muitos. Sorrio. Mas tera de ser com alguem que realmente esteja presente, porque a minha vida vai ser sempre um corropio de linhas no meu mapa. Assusto-me. Nao sou grande espingarda nisto do amor. Consta que gosto de pessoas fortes. Com atitude. Que percebam o que me vai na alma... mas que nao me tentem controlar. Que estejam la para me proteger mesmo quando eu faco ar de forte. Nao sera facil.
Diz a sopa de astros que Portugal torna-se pequeno demais cada dia que passa. Ou aprendo a viver por la sem me sentir frustrada... ou sigo para os tres destinos onde o meu mapa astral indica que terei tudo para ser bem sucedida nos mais diversos aspectos: Japao, Indonesia ou Argentina. Nao posso deixar de ter vontade de rir com as opcoes. A vida revela-se ironica quando menos esperamos.
terça-feira, outubro 27, 2009
Pink Treat
Aqui ninguem quer ter um carro topo de gama nem uma grande casa. Todos procuram apenas as coisas simples da vida. As melhores. Aquelas que nos enchem o coracao. Os pequenos momentos de felicidade. Tempo.
Na minha cozinha gosta-se destas grande misturas. De sentir que os tachos estao abertos a todas as pessoas. A todos os momentos. A tudo o que nao vem num catalogo. As coisas reais.
domingo, outubro 25, 2009
Coco
Vejo mulheres com idade para serem minhas avos com o peito descaido, sem qualquer camisola vestida (nem vergonha da sua idade). Vejo criancas que cantam na beira da estrada. Vejo sepulturas em jardins, porque (aqui) os mortos estarao para sempre presentes. Sinto uma serenidade como ha muito nao sentia e dou por mim a chorar. Em silencio. Sozinha. Feliz.
No meio de todas estas emocoes impera um ingrediente: o coco. Saudavel e simples, mas sofisticado... como quase tudo em Ubud. Janto comida tipica feita em oleo de coco. Como a melhor panqueca da minha vida... com banana e leite de coco. Sigo a cerimonia de oferendas aos deuses onde sao entregues pedacos de coco. Sou recebida por um canadiano que me leva de mota pelos campos de arroz e me adormece com musica de meditacao e incenso com cheiro a coco.
Perco-me pelas ruas de Ubud. Uma familia de patos interfere com o transito mas ninguem se parece aborrecer. Deixei de querer saber das horas. Leio numa loja "O passado e historia. O futuro um misterio. O presente uma dadiva". Sinto (finalmente) a compreensao dessa mensagem a percorrer-me a mente.
Decido que me devo mimar. Durante uma hora entrego-me a uma massagem balinesa com oleo de coco. Faz-me doer a pele. Mas o cheiro entranha-se como se fosse ficar para sempre. Na Indonesia a minha cozinha passou a cheirar a coco. Quando voltar para Portugal nao sei que cheiro tera. Mas nunca mais podera ser o mesmo.
quinta-feira, outubro 22, 2009
(Pouco) gourmet
Muitas vezes nao sou eu que dito os ingredientes... mas inevitavelmente deixo-me levar com a vontade de chegar ao mais desejado de todos. Talvez o mais simples, mas ao mesmo tempo o mais complicado. Acredito que os sabores que me dizem serao reais depois de alguma prazeirenta cozedura. Sei que nao me devia desiludir, mas desiludo. Sou assim. Concluo que nao ha pratos imaculados. Que a percepcao de uma receita difere de pessoa para pessoa. Mas ha sabores que nunca deveriam ficar amargos. Hoje, o meu ficou. Amanha o gosto sera outro. (Conheco-me).
quarta-feira, outubro 21, 2009
Pad Thai
Paradise soundtrack:
Arroz cozido
Vestidos de cor de laranja eles passam por mim. Meto a mao no arroz, faco uma bola e ponho dentro das tacas que cada um transporta. A aragem fresca bate-me na cara. As maos ardem-me... mas nao posso (nem quero) parar. O arroz alimenta-lhes o corpo para depois poderem rezar pelas nossas almas. Nao ha mais comida... So o tao simples arroz.
Apercebo-me que o que alimenta o corpo muitas vezes tb nos alimenta o espirito. Gosto do arroz assim. Sem qualquer ingrediente adicional. E percebo: cada vez aprecio mais as coisas simples. Aquilo que nao tem duplos sabores. O que me faz sentir tranquila. E nao interessa se nao ha colher e temos de comer o arroz com a mao ou ate mesmo com os complicados pauzinhos: o que e simples nao tem de ser facil... apenas genuino. Com sincera vontade.
sábado, outubro 17, 2009
Cafe do Laos
P: (silencio) Acho que eles tem medo...
Z: Nem mais. Chegaste a essa conclusao cedo, mas ainda bem. Os homens ficam intimidados com mentes brilhantes.
P: Talvez seja por isso que me envolvo quase sempre com homens mais velhos.
Z: Novos ou velhos eles vao sempre sentir inveja de seres bem sucedida. Nao gostam de mulheres independentes... e olha que sei do que falo.
Zahora tem 68 anos e anda a viajar sozinha pelo sudeste asiatico ha tres meses. Ha vinte anos deu a sua primeira volta ao mundo em busca de novos sabores para a sua culinaria da vida. Pelos vistos, ainda continua a querer encontrar mais. Quis o destinos que nos cruzassemos em Luang Prabang. Tres jantares com muitas conversas que podem ser comparadas ao cafe do Laos: forte e genuino. Sem acucar, sem natas... apenas cafe, com o seu lado mais negro, mas tb verdadeiro. A vida, com um grao de cafe num gigante saco onde outros milhoes se cruzam connosco todos os dias.
Mesmo com mais de 40 anos de diferenca, esta mulher revelou ter muito em comum comigo. "Nao ha fronteiras na vontade, depois de as quebrarmos no coracao". Aprendi.
domingo, outubro 11, 2009
Sigo num autocarro rumo ao norte. Perco a nocao do tempo,mas opto por apreciar em vez de desesperar. Vejo templos dourados, campos de arroz. Casas sob estacas, barracoes deixados ao abandono. Velhos parados na beira da estrada, criancas sujas que brincam com nada... felizes. Pessoas sem nome que ficarao para sempre na minha memoria. Ao longe as montanhas... vegetacao que nunca verei no meu pais.
Sorvo cada hora por tras da janela. Cada minuto. Cada segundo... cada frame do meu pequeno filme. Como se tivesse direito a que o (meu) mundo girasse apenas a minha volta durante estes dias. O meu pequeno momento de egoismo.
A noite cai e fnalmente cumprimento o Mekong. Apresentamo-nos rapidamente. Nas luzes espelhadas nas aguas (que parecem paradas) vejo a forca da natureza onde deverei passar os meus proximos dois dias.
Enquanto espero pelo sono descubro que ha internet por aqui. Aptece-me partilhar a alegria que trago no peito. Hoje, nao havia outro lugar onde quisesse estar.
sábado, outubro 10, 2009
Cozinha em ferias
domingo, outubro 04, 2009
Noodles de alegria
Depois de mais de 24horas em avioes chego aos noodles de Kuala Lumpur, onde se mistura o caos dos molhos de ostra de uma grande cidade, com a imensidao verde de uns arredores onde a vegetacao mais parece uma densa selva. Como nos melhores pratos, a simplicidade tem um aroma especial.
Entre contratempos, acabei por sair de Lisboa com um sorriso. Pela primeira vez tento seguir um conselho e nao olho para tras. A cozinha pode ter a luz desligada, mas os que fazem parte de mim continuam la. E ca tambem. Mas os noodles, recheados com alegria, nao devem ser esquecidos. E neste momento, sinto-me assim:
quarta-feira, setembro 30, 2009
Relógio da cozinha
Há algo de impiedoso no relógio do fogão. Como se nos tirasse a espontaneidade para temperar a bel-prazer e mudar o rumo do sabor final. Sabor que, pensando bem, também pode ser alterado já quando a comida chega à mesa e fica à mercê do galheteiro.
Por estes lados o tic-tac tem sido constante, 24 horas por dia, como se na minha cozinha não houvesse mais tempo e eu tivesse de decidir um menu gourmet como quem manda vir um prego no pão. Não gosto. Volto ao lume brando e dou tempo a mim mesma. Faço as malas e penso em como, por vezes, é bom partir. Pela frente, quando voltar, tenho todo o tempo do mundo.
quinta-feira, setembro 24, 2009
Delicia preto no branco
Nos últimos tempos dei por mim a servir esta sobremesa mais do que uma vez, a pessoas diferentes e situações distintas. Como se a verdade fosse o ingrediente mais ansiado na minha cozinha. Como se eu andasse em busca da minha própria verdade. Mesmo que, por vezes, o travo final possa ser amargo.
quarta-feira, setembro 23, 2009
Caixa de tâmaras
Durante muitos anos de cozedura, uma tâmara foi um vaivém nas minhas prateleiras. Ora aparecia na caixa mais bonita, ora tornava a ir embora quando eu me começava a acostumar-me novamente ao sabor da sua presença.
Hoje em dia apercebo-me de como essa tâmara continua presente na cozinha da minha mente nos mais variados formatos. Uma necessidade constante de saber que as tâmaras vão lá estar, mesmo que eu nem sequer saiba se as quero realmente comer. Voltar a não ter a amarga surpresa de a ver ir embora quando se torna especial.
Tendo a noção de que na culinária da vida não há certezas absolutas, um dia terei de resolver isto.
domingo, setembro 20, 2009
quarta-feira, setembro 09, 2009
Paulinha no passador
O veredito de uma médica, em plena consulta do viajante. Sem direito a auscultação.
As minhas mãos suadas, as olheiras e as insónias já não mentem: estou a rebentar pelas costuras. Um verão inteiro sem folga nos refogados da escrita, deixou-me assim. E entre antevisões de pitadas de malária, febre amarela, poliemite, hepatites e até mesmo a gripe dos porcos, preparo-me para ir em busca de sabores exóticos na outra ponta do mundo. Quero lá saber se vou com os braços feitos num passador... quero é chegar lá e começar a explorar as prateleiras de iguarias que me esperam.
domingo, setembro 06, 2009
Intensidades do lume
Há pratos que nem sequer deviam ir ao lume, sob risco de ficarem estragados. Há outros que, depois da fervura, deviam entrar directamente no frigorífico para enrijecerem sem qualquer possibilidade de amolecerem… porque não é essa a sua essência. Têm-me dito que estou obcecada com o controlo. Eu diria que é apenas bom-senso gastronómico.
Vejo-me constantemente a braços com isto das medições do lume. Arrisco brincar com o fogo, quando sei que há uma possibilidade grande de estragar parte da refeição. Por outro lado, deixo despropositadamente(!) a porta do frigorífico aberta e quando dou conta há mais pratos moles do que rijos na minha cozinha. O que fazer com eles é que não sei. Para já, “nada” parece-me a resposta certa. Só não me quero é queimar.
quarta-feira, setembro 02, 2009
Pitadas de...
quinta-feira, agosto 27, 2009
Papo-seco
Ora bem, cada vez que opto por pães-de-leite o meu estômago dá-se mal. São demasiado moles. Falta-lhes consistência. O sabor doce é demasiado fugaz. Já os papos-secos são habitualmente rijos. Pães com conhecimento, sabedoria da culinária da vida (a melhor de todas). Embora com uma aparência à partida mais tosca, revelam-se delicados e abertos às mais doces compotas e marmeladas. A simplicidade com que encaram as refeições é um desafio, assim como a atitude decidida perante os restantes membros da padaria. Seja à mesa ou embrulhados num guardanapo, sabem estar em qualquer lado. Fazem o meu estômago sentir-se seguro. E só quem ainda não experimentou é que põe em duvida a sua capacidade calórica.
Cada vez tenho menos paciência para pães de leite. Lamento.
segunda-feira, agosto 24, 2009
Fruta ao natural
Descobri o prazer da fruta ao natural. Juntam-se bananas com meloas… sem casca, nem revestimentos de açúcar. Laranjas com mamão, peras com pêssegos carecas. Sem preconceitos.
Há algo de libertador na fruta ao natural. É como saborear o que de mais fresco temos na cozinha e nunca temos a ousadia de provar. A mim soube-me bem. A partir de hoje, o avental está dispensado.
quarta-feira, agosto 19, 2009
Felicidade em castelo
quinta-feira, agosto 13, 2009
Algodão doce
quarta-feira, agosto 12, 2009
Bolo de caco
No único dia do ano em que me dou ao luxo de ficar doente e ir para casa enfiar-me na cama, surge o telefonema que ninguém quer ouvir. É o número da mãe e atendo com um impaciente “diz lá”. Do outro lado, uma voz masculina: “Olhe desculpa lá mas a sua mãe desmaiou no meio da estrada e não consegue falar”.
Não me lembro de como atravessei a cidade, mas fui rápida. Demais. Seguiu-se uma noite no hospital, mil e um exames e uma dose de mimos extra em que me tornei perita ao longo dos anos. No esquecimento ficou o facto anual de eu estar doente.
Com todas as preocupações do mundo concentradas no meu estômago de caco - misturadas numa pitada de exageros e umas belas doses de anti-inflamatórios - acabo por ir ao médico de família que, pela primeira vez na minha vida, me examina. Veredicto: já estive mais nova… e com uma úlcera a menos. Mas a cozinha continua a funcionar… as usual…
segunda-feira, agosto 10, 2009
Uma questão de liberdade gastronómica
Mas quando o conseguimos fazer – e acreditem que é mais difícil do pode parecer – há uma sensação de liberdade incrível. Como se voltasse a ser capaz de ver. Ver. É o que eu acabo de sentir.
sábado, agosto 08, 2009
Quinta da Aveleda
quarta-feira, agosto 05, 2009
Al Dente
terça-feira, agosto 04, 2009
Coração de manteiga
Resisto a queijos amanteigados e acabo por deixar-me tentar apenas por situações em que não tenha de ser Mimosa. Mas rapidamente concluo (novamente) que não fui feita apenas para comer: gosto de meter a faca, barrar, cheirar e por fim saborear.
Mais do que frio, o meu coração de manteiga está vazio. O que de azedo cá estava, saiu. E sem ninguém que me faça perder o sono, olho para o relógio da cozinha sem perceber onde andará o meu original fire... o lume permanece apagado.
quarta-feira, julho 29, 2009
Martini... com gelo
Há algo de agradavelmente surpreendente nesta bebida que se revela à média luz. É discreta, tem classe, envolve o gelo lentamente, quebrando qualquer barreira existente entre os dois compostos. De uma forma estranhamente rápida. Não me deixa inebriada, o que facilita qualquer entrega ao copo, sem pudor. Gosto destas bebidas que não me deixam melancólica… nem com a cabeça à roda. O Martini, em garrafa XL (como tanto aprecio), passou a ser bem-vindo nesta cozinha.
Sem qualquer ressaca, volto a vestir o avental e penso se não deveria voltar a tentar beber água. A sede, essa continua cá.
sábado, julho 25, 2009
(in)Digestivo
Parola 2 – Bom, que seja. Vamos a Fátima!!
E não é que agora vou ter de ir a Fátima, mesmo sendo a maior herege de todos os tempos?
Um jantar de bradar aos céus como entrada, demasiadas garrafas de vinho e caipirinhas de leite de coco como prato principal, uma operação stop como sobremesa… e, como (in)disgestivo, um carro eternamente sem inspecção.
Uma cara de santa, um pisca decidido para fingir que não estou prestes a ficar com a digestão parada e… o polícia manda-me seguir em frente.
Felizmente não nos lembrámos de dizer que íamos de joelhos… mas um almocinho no Tromba Rija já ninguém nos tira! Amén…
quarta-feira, julho 22, 2009
Ananás açucarado
À sua maneira, esta foi a forma de me dizer que agora está mais por perto e (finalmente) um pouco atento ao que gosto de saborear na minha cozinha. Longe vão os tempos em que me deixava à porta da escola à espera de um prometido almoço de aniversário que não chegava a acontecer. Na mesa ficava sempre um lugar vazio.
Podiam-me dar o mundo, mas os pequenos gestos serão sempre aqueles que mais tocam este meu coração de manteiga. Em imitação aos recados maternos, que se tornaram um hábito ao longo dos piores anos, lá estava o bilhete pendurado no ananás: “Parabéns menina Paulinha. Um beijinho do pai”. Soube-me bem.
terça-feira, julho 21, 2009
Fogão vs Bimby
Depois chegou a bimby. Tritura, coze, mistura… a 100 à hora, tudo ao mesmo tempo, sob programação. É de uma intensidade estonteante…. O produto final até é bonito, mas o sabor do desafio perde-se pelo meio. Fica a faltar o toque. A mãozinha que tempera...
Diria que é uma bela opção para quem tem medo da cozinha. Para quem prefere as novas tecnologias para amassar mensagens gastronómicas que não tem coragem para dizer em pleno fogão. Umas vezes por cobardia, outras porque simplesmente receia acabar com o tacho queimado. Dispenso (para não dizer abomino) a cobardia. Quanto ao receio, lá vou brincando com ele… enquanto me faz rir.
segunda-feira, julho 20, 2009
Bolo de Paulinha
Na vida sou aquela que recebe… com um prazer que talvez torne a hospitalidade no rumo da minha vida. Sou aquela celebra as pequenas alegrias dos outros… e as minhas também. Imprescindível no que toca a casamentos… continuo óptima a fazer caldinhos.
Em alturas de depressão alheia sou uma fatia de optimismo … Mesmo que o meu esteja reduzido a migalhas. Sou tradicional como um pão de ló… mas ao mesmo tempo um bolo/pudim/bolacha num só, cheio de cores e sabores misturados.
Sou uma companhia morna ao pequeno-almoço (continuo a ter dificuldade em falar quando acordo), mas ao jantar sei ser uma sobremesa fresca… com recheios de conversas que podem durar até à seia.Sou um bolo que já foi muito amassado… mas que nunca perdeu a doçura. E que continua a crescer para fora da (habitual) forma da culinária da vida. A cereja, essa ainda a ando a procura-la.
sábado, julho 18, 2009
Tablete de chocolate (de)leite
Seja tablete branca ou preta, sempre achei que o recheio era o que mais interessava. Nada como um caramelo que sabe ficar bem colado quando assim é preciso! Contudo, por mais chocolates que coma, a tablete (de)leite será sempre a que mais gosto. Simples... De servir e de comer.
segunda-feira, julho 13, 2009
Franga com aroma de serenidade
Concluo que quando não queremos sequer voltar a olhar para o menu, acabamos novamente em alhadas. Só me falta saber o que fazer agora. Não estou habituada a marinar em serenidade.
segunda-feira, julho 06, 2009
Vinho verde em cálice de cristal
sábado, junho 27, 2009
Suspiros com molho de "soulstorm"
O prazo está marcado. Desde ontem. Até lá, é tempo saborear os obstáculos inerentes à vontade de mudar. Com Patrice a quebrar o silêncio esmagador dos meus pensamentos, foi em verdadeiro “soulstorm” que ontem à noite suspirei às escondidas.
quarta-feira, junho 24, 2009
Especiarias de Marrocos
- A mistura de cores, sons, cheiros e pessoas na Praça Jema el-Fna
- As estradas cujo fim é no infinito
- O silêncio esmagador do deserto
- As gargalhadas indescritíveis do nómada Omar a quebrarem o silêncio do deserto
- O sorriso aberto do Simo e de toda a família
- O passeio de mota nos subúrbios de Marrakech
- A noite passada a ver as estrelas no terraço no hotel da Garganta do Dadre
- As crianças… aquelas crianças
- As negociações no souk
- A maravilhosa sensação de andar perdida na Medina de Marrakech
- A imponência do Grande Atlas
- Andar à chuva no meio do calor
- As dores no rabo depois de duas horas num camelo
- A refeição onde partilhei o prato com outras dez pessoas
- O cd que ouvi 8 horas em repeat porque não havia outro…
- Os abraços na despedida :)
- A frase a marcar o regresso: "O consulado do meu coração não te dá visto de mais de uma semana fora daqui"
segunda-feira, junho 22, 2009
Couscous marroquino
Na bagagem, foi com lembranças de abraços, sorrisos genuínos, negociações acesas e gentileza sem limites que voltei a Portugal (mais uma vez) com a certeza de que não fui feita para viver naquilo a que chamamos de primeiro mundo. Para mim, a vida será sempre como cozinhar couscous marroquino. Simples.
quinta-feira, junho 11, 2009
Caracóis
Enquanto (im)pacientemente mexo os caracóis na panela, sinto-me em slow motion. Como se o dia-a-dia de repente tivesse ganho outra velocidade... e tudo me parece lento demais. Há uma ansia novamente a ferver em mim.
Apercebo-me da minha capacidade de dar. Quando realmente quero, sou capaz literalmente de atravessar o mundo. Hoje, atravessar o Tejo parece-me longe demais. Estarei azeda? Ou será que o meu coração também ficou mais lento? Pode ser que o deserto me dê a resposta.
quinta-feira, junho 04, 2009
Agua das Pedras Vs Gin Tónico
terça-feira, junho 02, 2009
Alheira (de caça)
É engraçado como os alimentos que mais respeitam o nosso trânsito intestinal são aqueles com que fazemos os maiores abusos. Uma alheira (de caça) não tem digestão fácil, mas o certo é que a satisfação que me continua a proporcionar vai muito além da gula. Há um respeito genuíno para além do picante. Uma vontade real de estar no meu prato naquele momento. Mesmo que para ambos seja apenas um banquete rápido de emoções.
É essa sinceridade, sem duplos sentidos, que me faz ser fã da alheira (de caça) e deixar definitivamente de criar expectativas com saladas, sejam elas de longos espargos insonsos, ou de repetitivos pepinos que (ainda) só se sentem confortáveis na horta.
Para compensar a indigestão do cansaço, por aqui voltou-se à era dos exageros. Mas só com aqueles que sabem aprecia-los devidamente.
quarta-feira, maio 27, 2009
Respirar fundo... com um aperitivo gourmet
PS - Agradecimentos à outra menina carangueja que me deu a conhecer esta pérola ;)
terça-feira, maio 26, 2009
Empadão de Paulinha
segunda-feira, maio 25, 2009
Lameixas
Talvez a melhor versão ao vivo desta música...
domingo, maio 24, 2009
Tomatada
Quando abro a couve coração a um prato (o que acontece raramente) há algo de irracional no meu fogão. Pelo menos foi assim da última vez. Hoje, em confesso estado acelerado de vinha d'alho e ervas aromáticas no meu refogado, compreendo o quanto já errei ao acreditar em pitéus que nunca terão mais do que uns tomates cherry. Por isso mesmo, minha gente, descansem. Por aqui, agora só tomatadas que valem a pena. Com rama de gente que sabe o que quer.
sexta-feira, maio 22, 2009
(de)Leite
No verão, nada como o (de)leite fresco. No Inverno, viva o (de)leite quentinho por baixo do edredão. Para uma vida saudável, nada como o (de)leite do dia… nem que seja em formato de batido quando as forças não imperam na cozinha.
O (de)leite condensado é, contudo, o que mais tem andado na minha mesa. Calórico e intenso, com elevado grau de satisfação momentânea. Mas tenho noção que os abusos me poderiam levar a ter de fazer dieta. E eu odeio restrições alimentares.
Às vezes sinto vontade de voltar ao formato (de)leite-creme. Doce e consistente. Simples e com queimadelas açucaradas(!) quando assim tiver de ser. Quem sabe, com o (de)leite Matinal que tanto me agrada... obviamente, com muito Vigor.
Frase premium do (de)leite: "If you wanna be bad you gotta be good..."
quarta-feira, maio 20, 2009
Esperas apuradas?
Sempre achei que há um tempo para tudo e tento gerir isso com bom-senso. Mas a vida ensinou-me, nuns quantos assados, que simplesmente não espera por mim. Não pára. Não tem um travão para eu accionar quando me dá jeito. Entre frigideiras queimadas e tampas rachadas, acabei por perceber que, na maioria do casos, esperar é uma perda de tempo. E eu não tenho tempo a perder. Porque na minha cozinha vive-se. Todos os dias, cada vez mais.
Estou (novamente) a mudar. É tempo disso.
terça-feira, maio 19, 2009
Entre atuns
domingo, maio 17, 2009
Expressões ... gourmet!
- “Pois, não sei” (o eterno indeciso)
- “Resolvo isso depois” (a eterna acumuladora de problemas inesperados)
- “Ya, ya + risinho prolongado” (o eterno farrusco despreocupado)
- “Caguei” (a eterna descontraída)
- “O que é que queres que eu faça?” (o eterno inútil)
- “Que seca” (o eterno descontente)
- “Que se foda” (a eterna Paulinha…)
Ps - Este é talvez o post mais idiota desta chafarica, mas não resisti a eternizar as expressões que esta semana já me proporcionaram lágrimas e gargalhadas.
sábado, maio 16, 2009
O buraco dos donuts
Temos por hábito dizer que não há insubstituíveis. Que valente palermice, digo eu. Todos nós somos insubstituíveis, porque todos nós temos algo de único. Nem que seja para uma pessoa só.
Depois de uns dias de reflexão sobre este tema, não posso deixar de pensar que a morte nos bate à porta de infinitas maneiras, sendo que todas elas nos transportam para esse vazio que tem pouco de açucarado. Perder alguém não é fácil de digerir… é como tentar fazer a digestão de um pedregulho. Por vezes, simplesmente nunca se faz.
quarta-feira, maio 13, 2009
Tripas do coração, à moda do Porto
Sem “finos” à mistura (não fazem falta, verdade seja dita…), concluo que a minha relação com o Porto tem algo de eternamente vintage. Gosto genuinamente das caves e do seu lema certeiro: quanto mais velho, melhor. Porque simplesmente há vinhos que, amadurecidos (e sem expectativas alcoólicas), nos fazem sentir tranquilos. Depois de mais uma visita por aquelas bandas foi dessa forma que regressei a Lisboa. Ao som da Aretha.
domingo, maio 10, 2009
Ovo estrelado com cabelos brancos
Chego a esta conclusão no dia em que encontrei o meu primeiro cabelo branco. Arranquei porque sempre disse que queria chegar aos 25 sem grisalhos… a vida parece que assim não o permitiu. Só ainda não percebi se finalmente vou ter alguma (verdadeira) sabedoria.
Um aparte na cozinha
Mais curiosas são, contudo, as surpresas que a vida transporta diariamente. Pessoas que surgem do nada passam a fazer parte de nós por umas horas. Uns dias. Pessoas que, sem qualquer esforço ou expectativa, acabam por descobrir partes de nós que os outros não chegaram a ver. Gosto. Principalmente da sensação de (voltar a) ser simplesmente eu própria. Priceless.
sábado, maio 09, 2009
Mão de vaca
Esta semana senti, como há muito não sentia, que esse cuidado não foi tido comigo. Que quem tinha por obrigação poupar-me ao vinagre de recordações antigas - que nem mesmo o maior recheio de perdão consegue fazer esquecer - simplesmente não o fez.
Senti-me zangada… ai se me senti. Tive vontade de gritar, atirar os tachos pelo ar, voltar a fechar-me na despensa do rancor de onde tive de aprender (sozinha) a sair. Como em todas as situações, fui a “chef gourmet” que acho que já todos esperam que eu seja. Eu incluida. Levantei-me e saí. Porque o silêncio muitas vezes vale mais que mil palavras. E eu não sou lá grande coisa nisto da mão de vaca.
quarta-feira, maio 06, 2009
Petiscos na União
Muito aqui se tem falado de culinária associada a sentimentos, sejam eles gourmet ou do mais saloio que há. Mas nunca uma expressão gastronómica conseguiu resumir tão bem aquilo que eu procuro, como fez este nome de uma simples barraca, com gente a cheirar a churrasco.
Sejam eles petiscos complicados, picantes, azedos, salgados, doces, exóticos ou, até mesmo, simplórios, é em união que os devemos cozinhar e comer pela vida fora. Faz muito mais sentido. Eu (ainda) acredito que isso exista e que, afinal, não seja assim tão complicado. Basta um companheiro de jornada à altura.
Refresco nocturno
A ideia é deveras fabulosa para pessoas que, tal como eu, gostam de jantares tardios e saídas diárias, nem que seja para uma conversa rápida com amigos ou apenas para sentir a cidade numa curta caminhada nocturna. Estes quiosques (abertos até às 1 da manhã!) foram uma excelente ideia, é o mínimo que posso dizer. Já sou fã.
quarta-feira, abril 29, 2009
Azeites e alho
Falhou o timing. Mais uma vez.
Batido de complicações
Por exemplo, laranja e leite não resultam… mas eu insisto em fazer um batido. Gosto de receitas com alto índice de dificuldade implícito. Será o desafio? Será porque simplesmente na minha vida consegui tudo a saca-rolhas? Só sei que acabei de (tentar) sair de um tacho a vapor, para ter vontade de investir numa panela de pressão. Posso-me queimar, mas a gula vai ser mais forte. Tenho a certeza. Resumindo: tou cozida.
segunda-feira, abril 27, 2009
Ponto de rebuçado
D – Tia quando é que podemos ir brincar com a Joana?
T – Temos de combinar.
D – Pode ser agora?
T – Diogo, agora é de noite, o jardim está fechado.
D – Então pode ser amanhã?
T – Não. Combinamos para a próxima semana.
D – Mas isso é muito tempo. Eu queria já hoje outra vez! (suspiro)
(Não seria mais fácil se também nós, supostos adultos maduros, fossemos assim?)
domingo, abril 26, 2009
Peixe no carvão da amizade
quinta-feira, abril 23, 2009
Entre tachos e sabores musicais
Depois dos blues, houve Beatles e Abba. Hoje, em estado pauliteirolamechas, há muito possivelmente sessão fadisteira. Posto isto, pergunto: Será que ando a ver se me dão música? Pela boca morre o peixe, sempre ouvi dizer.
Ultimamente tenho ouvido esta, cuja sopa de letras é deliciosa:
quarta-feira, abril 22, 2009
Pão de deus
Em noites onde até o pão bimbo decide dar um ar da sua graça, concluo que não é qualquer pão-de-leite que me agrada nos dias que correm. Podem vir pães-de-dó, pães tigre, até mesmo pães alentejanos e os convencidos dos pães de forma. Descobri ontem onde mora tentação: o pão de deus é simplesmente um pecado do céu… que felizmente (ainda) não engorda tanto como o pão de rala.
domingo, abril 19, 2009
Salada de muitas frutas
sexta-feira, abril 17, 2009
Fondue fadisteiro
Fados para acompanhar a refeição afinal prolongada. Um cubo de carne que se perde no meio do óleo, mas em compensação um belo naco que vem fazer-se ao bife. Espetos constantes a tentar entrar na panela do fondue... onde por acaso a carne de "falcão" (ainda) não é bem vinda. Um pai pouco mestre da culinária que decide juntar-se ao repasto, para evitar futuras de dores de barriga. Uma tasca à porta fechada, com desgarradas até bem de madrugada... A refeição termina com um digestivo servido pelo irmão do tão desejado manjar fadisteiro. De barriga cheia (e sem compreender como é que um jantar se pode transformar num verdadeiro circo) volto para casa. Sem conseguir parar de rir.
segunda-feira, abril 13, 2009
Salada alfacinha
Adoro a minha cidade. O som dos eléctricos antigos, os pregões nos mercados ainda tão tradicionais, o cheiro ao Tejo (mesmo com maré baixa), o burburinho quando começa a anoitecer, o pôr-do-sol no Adamastor, as ruas cheias de gente do Bairro Alto, a vista nocturna dos miradouros, as padarias com bolos quentinhos a meio da noite, os prédios semi-degradados (sim, não me critiquem), os restaurantes típicos, o vinho à pressão, os beijos apaixonados à beira-rio, o riso dos miúdos a correrem nas ruas de Alfama, do fado… ai meu o rico fado!
Gosto das gentes de Lisboa. E claro, dos homens. (Dos que sabem rir). Gosto do Santo António. Gosto do cheiro a sardinhas no verão. Do som dos sinos das muitas igrejas… mesmo sendo a maior herege de que há memória. Gosto de Lisboa porque gosto. Tem um sabor a casa.
quinta-feira, abril 09, 2009
Limpezas na cozinha
quarta-feira, abril 08, 2009
Bombons e maumaus
A diferença entre estes dois tipos de chocolate é que um é doce e o outro é amargo. Sempre tive muita paciência para aturar azedumes dos chocolates que me rodeiam, mas nos tempos que correm a minha cozinha perdeu a pachorra para os derreter em banho-maria.
Os bombons fazem-nos bem ao estômago, à alma e são recomendados pelos maiores especialistas da vida. Eu corroboro. Já os maumaus, tantas vezes com recheios de incompreensão, exigência despropositada e intolerância, deixaram de constar da minha lista da Páscoa. Fazem-me mal aos dentes… digamos assim.
Adeus aos Ferreros Rocher com cobertura de indecisão crónica. Adeus aos Mon Cheri que de carinhosos têm pouco. Adeus aos bacci que nem merecem ser lembrados. Adeuzinho à caixa de chocolates com revestimento colorido que acabam por ser verdadeiros pesadelos a preto e branco.
Ando de bem com a vida… e isso não há maumaus que venham mudar tão cedo.
segunda-feira, abril 06, 2009
Caramelo
Continuo maravilhada com o potencial do caramelo. Acho incrível que já tenha gasto algumas panelas a tentar cozinhá-lo e, por mais que estrague trens de cozinha inteiros, dou por mim a embarcar com toda a vontade neste doce a cada nova vez.
Faz-me mal aos dentes. Mas faz tão bem ao resto. Meto-me de cabeça na maravilhosa sensação de o vir a ter na boca e enquanto não abrir a embalagem para lá chegar não dou sossego a mim mesma.
O caramelo é o doce capaz de provocar mudanças na cozinha de qualquer gulosa.
Gosto porque gosto… e por mais filmes que veja ou até mesmo conselhos que receba, não tenho calma. Adoro esta sensação de não saber o que fazer. Quem diria…