quarta-feira, maio 27, 2009

Respirar fundo... com um aperitivo gourmet

Dei 24 horas a mim mesma para reagir e esta música chega em formato de aperitivo. Como uma série de tostinhas com paté de carangueja para respirar fundo... da forma mais gourmet possível.


PS - Agradecimentos à outra menina carangueja que me deu a conhecer esta pérola ;)

terça-feira, maio 26, 2009

Empadão de Paulinha


Parei ontem por 30 segundos quando entrei no carro e descobri que estou cansada. Como se viesse a acumular camadas e camadas de diferentes cansaços num empadão. Durante muitos anos fui um pilar precoce numa família descontrolada. Geria horários e refeições quando ainda devia estar a aprender a fazer o meu primeiro ovo estrelado. Pedia empréstimos para pagar dividas ao Estado daqueles que me deviam estar a ensinar a preencher o meu primeiro IRS. Participei na educação dos primeiros anos de uma criança… quando ainda nem tinha maturidade para sequer pensar em bebés. Tinha dois empregos ao mesmo tempo, para conseguir pagar um curso feito em simultâneo. Extenuada, dei início a uma segunda carreira ainda mais extenuante. As responsabilidades e horários cansativos aumentam. A recompensa económica, essa chega a conta gotas. Há quem diga que tudo isto me deu a dita estaleca. Eu digo apenas que me sinto cansada.
Nos últimos tempos (talvez oito meses) dou por mim simplesmente incapaz de agir naturalmente nas habituais responsabilidades. Entregar um IRS a tempo, cumprir um prazo de inspecção do carro, pagar contas em atraso. É como se tivesse tido um bug no meu sistema interno de organização. Tenho insónias, viajo como escape e, embora não me sinta de todo infeliz, tenho muitas vezes vontade de arrumar as botas. E começar de novo.
Sou optimista por natureza e não gosto de me sentir assim. Encaro tudo com um sorriso mas se calhar chegou a altura de perceber que não sou de ferro. Como diria um livro da Anna Gavalda, "queria ter alguém à minha espera num sítio qualquer". Que dissesse apenas: descansa um bocado, agora trato eu de tudo.

segunda-feira, maio 25, 2009

Lameixas

Porque às vezes “in a little while” diz-se e sente-se mais do que em anos de tentativas. E porque ainda acredito em “little whiles” que podem durar uma vida inteira. Culinariamente falando, hoje estou assim: lameixas!



Talvez a melhor versão ao vivo desta música...

domingo, maio 24, 2009

Tomatada

Os meus amigos andam preocupados comigo. Temem que me meta em novas tomatadas que me deixem em formato de pacote de ketchup. Não posso deixar de achar bonita esta preocupação. Conhecem-me. Sabem o quanto os meus tomates de rama já foram postos à prova. E quase me dá vontade de chorar ao perceber a forma como anseiam que isso não torne a acontecer.
Quando abro a couve coração a um prato (o que acontece raramente) há algo de irracional no meu fogão. Pelo menos foi assim da última vez. Hoje, em confesso estado acelerado de vinha d'alho e ervas aromáticas no meu refogado, compreendo o quanto já errei ao acreditar em pitéus que nunca terão mais do que uns tomates cherry. Por isso mesmo, minha gente, descansem. Por aqui, agora só tomatadas que valem a pena. Com rama de gente que sabe o que quer.

sexta-feira, maio 22, 2009

(de)Leite

Descobri cedo que era fã do (de)leite. Sem grandes complicações, porque nestas coisas da saúde gastronómica não se brinca: é dos alimentos - do corpo e da alma - mais naturais e completos a que nos devemos sujeitar.
No verão, nada como o (de)leite fresco. No Inverno, viva o (de)leite quentinho por baixo do edredão. Para uma vida saudável, nada como o (de)leite do dia… nem que seja em formato de batido quando as forças não imperam na cozinha.
O (de)leite condensado é, contudo, o que mais tem andado na minha mesa. Calórico e intenso, com elevado grau de satisfação momentânea. Mas tenho noção que os abusos me poderiam levar a ter de fazer dieta. E eu odeio restrições alimentares.
Às vezes sinto vontade de voltar ao formato (de)leite-creme. Doce e consistente. Simples e com queimadelas açucaradas(!) quando assim tiver de ser. Quem sabe, com o (de)leite Matinal que tanto me agrada... obviamente, com muito Vigor.



Frase premium do (de)leite: "If you wanna be bad you gotta be good..."

quarta-feira, maio 20, 2009

Esperas apuradas?

Há quem passe a vida inteira à espera do ponto certo para pôr uma decisão a refogar. Há quem, continuamente, diga que “ainda não é o tempo” para mexer com a colher de pau aquilo que está mal. Há também quem espere eternamente pela temperatura ideal para juntar um ingrediente experimental no tacho… e acabe por nunca o fazer com receio de estragar aquilo que já é seguro. Há ainda quem espere, mesmo sabendo que isso nunca fará apurar qualquer tempero.
Sempre achei que há um tempo para tudo e tento gerir isso com bom-senso. Mas a vida ensinou-me, nuns quantos assados, que simplesmente não espera por mim. Não pára. Não tem um travão para eu accionar quando me dá jeito. Entre frigideiras queimadas e tampas rachadas, acabei por perceber que, na maioria do casos, esperar é uma perda de tempo. E eu não tenho tempo a perder. Porque na minha cozinha vive-se. Todos os dias, cada vez mais.
Estou (novamente) a mudar. É tempo disso.

terça-feira, maio 19, 2009

Entre atuns

O atum sempre fez parte das prateleiras da minha cozinha. À posta ou em lata, não o consigo evitar. Embora o ideal fosse comer sempre o “Bom Petisco”, confesso que de vez em quando (inexplicavelmente!) me fogem os olhos para os “Ramirez”… que trazem espinhas escondidas. Quando ando em poupança emocional opto pelo atuns de linha branca que, invariavelmente, são uma bela surpresa gastronómica. E, embora nem sempre o atum seja um “Pitéu” que faça bem ao estômago, vou acumulando postas dele na minha culinária da vida. Em grandes ceboladas...

domingo, maio 17, 2009

Expressões ... gourmet!

Na cozinha há frases que marcam (repetidamente) a confecção de qualquer iguaria mais atribulada. Por hábito, ou não, os cozinheiros que me rodeiam usam expressões que considero simplesmente gourmet. Marcos gastronómicos com que vivo diariamente:

- “Pois, não sei” (o eterno indeciso)
- “Resolvo isso depois” (a eterna acumuladora de problemas inesperados)
- “Ya, ya + risinho prolongado” (o eterno farrusco despreocupado)
- “Caguei” (a eterna descontraída)
- “O que é que queres que eu faça?” (o eterno inútil)
- “Que seca” (o eterno descontente)
- “Que se foda” (a eterna Paulinha…)

Ps - Este é talvez o post mais idiota desta chafarica, mas não resisti a eternizar as expressões que esta semana já me proporcionaram lágrimas e gargalhadas.

sábado, maio 16, 2009

O buraco dos donuts

Um buraco vazio. É esta a definição que, a meu ver, mais se adequa a uma morte. Talvez por isso não estranhei quando nos últimos dias ouvi a frase: “Sinto-me como se fosse um donuts”.
Temos por hábito dizer que não há insubstituíveis. Que valente palermice, digo eu. Todos nós somos insubstituíveis, porque todos nós temos algo de único. Nem que seja para uma pessoa só.
Depois de uns dias de reflexão sobre este tema, não posso deixar de pensar que a morte nos bate à porta de infinitas maneiras, sendo que todas elas nos transportam para esse vazio que tem pouco de açucarado. Perder alguém não é fácil de digerir… é como tentar fazer a digestão de um pedregulho. Por vezes, simplesmente nunca se faz.

quarta-feira, maio 13, 2009

Tripas do coração, à moda do Porto

Houve uma altura em que pus em causa se o Porto não poderia fazer tripas do meu coração. Rapidamente cheguei à conclusão que essa hipótese simplesmente não se punha. Nem se põe.
Sem “finos” à mistura (não fazem falta, verdade seja dita…), concluo que a minha relação com o Porto tem algo de eternamente vintage. Gosto genuinamente das caves e do seu lema certeiro: quanto mais velho, melhor. Porque simplesmente há vinhos que, amadurecidos (e sem expectativas alcoólicas), nos fazem sentir tranquilos. Depois de mais uma visita por aquelas bandas foi dessa forma que regressei a Lisboa. Ao som da Aretha.

domingo, maio 10, 2009

Ovo estrelado com cabelos brancos

No dia em que se consegue pela primeira vez estrelar um ovo há dois caminhos possíveis: o da degradação ou o da sabedoria. Quando se consegue finalmente ser mestre nesta iguaria corre-se o risco de cair no desleixo e ficar por aí. Por outro lado, a perfeição na cozinha abre-nos portas para a sabedoria e investimento em receitas que exigem calma.
Chego a esta conclusão no dia em que encontrei o meu primeiro cabelo branco. Arranquei porque sempre disse que queria chegar aos 25 sem grisalhos… a vida parece que assim não o permitiu. Só ainda não percebi se finalmente vou ter alguma (verdadeira) sabedoria.

Um aparte na cozinha

É curioso como alguém pode estar presente na nossa vida durante um bom período de tempo e nunca nos chegar a conhecer totalmente. Partilhar conversas, intimidade, segredos. E no fundo nunca ter estado presente no essencial. Não se chega a esta conclusão com rapidez. E é triste quando se lá chega.
Mais curiosas são, contudo, as surpresas que a vida transporta diariamente. Pessoas que surgem do nada passam a fazer parte de nós por umas horas. Uns dias. Pessoas que, sem qualquer esforço ou expectativa, acabam por descobrir partes de nós que os outros não chegaram a ver. Gosto. Principalmente da sensação de (voltar a) ser simplesmente eu própria. Priceless.

sábado, maio 09, 2009

Mão de vaca

Nunca tive muito jeito para este prato. Sempre fui a “boa onda”, a “rapariga com o sorriso na cara”. Na realidade, não gosto de discussões ao fogão. Com uma dose nata de bom-senso (e nisto posso puxar a brasa à minha sardinha sem me sentir constrangida) zelo sempre pelo bem-estar de todos os frasquinhos da minha cozinha. Cada um à sua maneira, porque cada especiaria é única.
Esta semana senti, como há muito não sentia, que esse cuidado não foi tido comigo. Que quem tinha por obrigação poupar-me ao vinagre de recordações antigas - que nem mesmo o maior recheio de perdão consegue fazer esquecer - simplesmente não o fez.
Senti-me zangada… ai se me senti. Tive vontade de gritar, atirar os tachos pelo ar, voltar a fechar-me na despensa do rancor de onde tive de aprender (sozinha) a sair. Como em todas as situações, fui a “chef gourmet” que acho que já todos esperam que eu seja. Eu incluida. Levantei-me e saí. Porque o silêncio muitas vezes vale mais que mil palavras. E eu não sou lá grande coisa nisto da mão de vaca.

quarta-feira, maio 06, 2009

Petiscos na União

Estava eu num daqueles arraiais maravilhosos do 1 de Maio e, enquanto comia a bela da entremeada, reparei no nome da tenda: "Petiscos na União".
Muito aqui se tem falado de culinária associada a sentimentos, sejam eles gourmet ou do mais saloio que há. Mas nunca uma expressão gastronómica conseguiu resumir tão bem aquilo que eu procuro, como fez este nome de uma simples barraca, com gente a cheirar a churrasco.
Sejam eles petiscos complicados, picantes, azedos, salgados, doces, exóticos ou, até mesmo, simplórios, é em união que os devemos cozinhar e comer pela vida fora. Faz muito mais sentido. Eu (ainda) acredito que isso exista e que, afinal, não seja assim tão complicado. Basta um companheiro de jornada à altura.

Refresco nocturno

Se num ponto de encontro do centro lisboeta juntarmos uns mini travesseiros de Sintra, uma caixinha de rebuçados de Portalegre, mini queijadas e ainda uns quantos mililitros de café saboroso… chegamos a um iluminado “Refresco”, em formato de quiosque ali prós lados do Camões e do Príncipe Real.
A ideia é deveras fabulosa para pessoas que, tal como eu, gostam de jantares tardios e saídas diárias, nem que seja para uma conversa rápida com amigos ou apenas para sentir a cidade numa curta caminhada nocturna. Estes quiosques (abertos até às 1 da manhã!) foram uma excelente ideia, é o mínimo que posso dizer. Já sou fã.