quinta-feira, janeiro 29, 2009

E se eu decidir largar os tachos?

Lamento meus gulosos, mas há grande probabilidade de eu vir a largar os tachos (e as canetas e os blocos de notas). Sempre soube que o meu rumo profissional não passaria obrigatoriamente pela permanência exclusiva na minha actual actividade. Falta-me algo. Sempre faltou por mais que a adore e todos os dias acorde com um sorriso por ter de ir trabalhar. Pode ser uma contradição... mas eu própria sou uma dose tripla de tudo e mais alguma coisa.
Quando for grande (estatuto que pode ser interpretado de muitas formas) quero ter um hostel. Porquê? Porque me identifico com o ambiente de partilha. Porque a minha ânsia de viajar pode ser colmatada com o constante contacto com outras nacionalidades. Porque a hospitalidade é um dos meus lemas. A ideia não é nova, mas depois de ter conhecido por dentro alguns dos melhores hostels de Lisboa tive a certeza que este poderá ser o rumo a seguir. Quando? Não sei. Em Portugal? Também não sei. Só sei que primeiro tenho de ir conhecer o mundo. E isso há-de estar para breve.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Doces conventuais

Guardei uma noite para cozinhar em conjunto um rol apreciações aos doces conventuais. Fomos duas na cozinha e a lista de doçaria que nos passou pelas mãos neste périplo gastronómico não envergonha ninguém. Definimo-nos como cozinheiras dos tempos modernos, com uma dose de lamechice QB para andarmos constantemente feitas em ovos-moles. De barrigas de freira parece que temos pouco… mas na verdade somos fatias do céu que damos a quem (não) merece o melhor de nós.
Os nossos papos de anjo reclamam: embora encontremos alguns toucinhos-do-céu, nenhuma de nós escapa a Dons Rodrigos que não passam de misérias franciscanas.

domingo, janeiro 25, 2009

Massa quebrada

Se hoje alguém precisar de massa fale comigo. A minha cabeça parece uma batedeira 1.2.3 às voltas sem botão off. Sinto um burburinho interior que me levaria a misturar a farinha com a água em três tempos, socando-a de seguida com a violência emocional que se apoderou de mim nas últimas 24 horas. Cada desafio profssional que surge dá-me satisfação momentânea mas invariavelmente faz-me pensar nos outros desafios deixados em banho-maria no caldeirão das minhas ambições. Dou voltas e voltas na batedeira, num movimento ciclíco que mais uma vez há-de passar... mas que sei que voltará em breve. E volto a estender-me na bancada, tal qual massa quebrada, sem saber em que direcção ir. Razão, emoção, pressão. Fazer escolhas sob a influência destes ingredientes é a história do bolo da minha vida.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Palitos de la rene

Até há pouco tempo pensava que qualquer doce me encheria as medidas. Bastava ser doce e a gula ia-se, saciada. Tudo isto mudou quando me deparei com a realidade dos palitos de la rene. Para quem sempre foi adepta dos troncos de Natal, bem recheadinhos, com adereços a dar algum charme, fios de ovos cujo gosto permanece na boca longas horas e uma consistência que tira a fome a qualquer um… não há como gostar dos míseros palitos com nome snobe. Esfarelam-se na boca antes de sequer lhes tomarmos o gosto, partem-se facilmente se os agarramos com força, deixam a boca seca ao fim de um bocado e, mesmo ao fim de uma caixa, a gula continua por cá. Não fazem por mal, mas é o melhor que têm para dar. E acham que é muito. Definitivamente não fui feita para este tipo de doces finos… nada como a doçaria tradicional.

Broa de milho

Porque há noites em que devemos largar os tachos por um bocado. Porque já há muito tempo que não me sentia tão envolvida num filme. Porque há histórias que nos dão que pensar. E porque há homens que mais parecem broas… bons comó milho :p
Recomenda-se (o filme… pois está claro!).

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Aprendiz ou mestra da culinária?

Lê-se nos livros que qualquer aprendiz de culinária tem de ter um mestre. Aqueles que nos guiam pelos tachos desde tenra idade e nos mostram quais os temperos a seguir. Quis a vida que eu me tornasse mestra à força mesmo quando estrelar um ovo era um enigma difícil de decifrar. Tentei, gabo-me de alguma destreza e lá fui dando os primeiros passos no mundo adulto gourmet, entre dissabores pouco próprios para principiantes.
Os anos passam e na minha cozinha continuo a ter de ser mestra. Diariamente. Sirvo pratos e travessas a quem me devia servir a mim. Dou conselhos sobre especiarias a quem me devia ainda estar a ensinar a definir sabores. Bato violentamente os problemas em massa, para facilitar o percurso de quem um dia decidiu que não queria mais usar avental. E estou cansada.
Não tenho sempre soluções no livro de receitas. E por mais que tenha os melhores amigos (mestres adoptivos) do mundo, já são muitas as vezes em que me teria sabido bem ter alguém que se sentasse ao meu lado no fogão a aconselhar-me. Mesmo que eu faça aquela ar de quem tem tudo sob controlo.

domingo, janeiro 11, 2009

Caril sem picante?

Algumas dúvidas com contornos picantes têm rondado os meus tachos nos últimos dias. Imaginemos que eu adoro caril, que estou completamente embevecida pelos pratos indianos e até acho que o rumo da minha cozinha poderia mudar drasticamente e assumir um compromisso de exclusividade com esta gastronomia. Mas quando começo a cozinhar há uma total e repetida desarmonia no que toca ao grau de picante com que se condimentam os pratos… teria eu a capacidade manter o lado embevecido dos meus tachos quando as malaguetas não são as melhores? Será normal sentir um desencanto posterior e um total repensar sobre a ânsia pela cozinha exótica? Até que ponto a (des)harmonia do lado mais apimentado de uma relação gastronómica pode influenciar a capacidade de ter amor ao prato? Felizmente, nenhuma destas questões vai ter de se respondida. Eu ia-me ver grega para responder.

sábado, janeiro 10, 2009

Frascos de especiarias

Porque há potes de especiarias vazios que teimamos em guardar na despensa da estupidez emocional como se ainda estivessem cheios. Porque há outros frascos escondidos que têm o condão de nos surpreender e fazer sentir bem quando menos esperamos. Porque a vida deve ser apimentada todos os dias (ai se deve!). Mesmo que a conclusão seja esta:

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Aperitivo: gargalhadas

Quando se juntam duas mulheres numa degustação matinal sobre as (pequenas) surpresas do dia-a-dia (camufladas com coberturas semi-doces do jogo do toca e foge) há desabafos recheados da mais requintada linguagem lisboeta, que marcam definitivamente o menu do meu dia. Sai uma dose de gargalhadas de compreensão para a mesa do canto:
“Os homens das putas das nossas vidas têm todos medos… Nós não. As gajas frágeis são quem afinal tem os colhões de aço!”

Amêndoas e mel

Sabia que era uma pessoa doce mas nunca pensei que em mim houvessem tantas amêndoas e mel. Desde o início do ano os meus olhos têm sido elogiados quase diariamente. Uns dizem que parecem amêndoas, outros dizem que têm cor de mel. Duros quando assim tem de ser, doces porque não gosto de andar zangada.
Nunca me tinha apercebido do potencial gastronómico desta parte do meu corpo. Só ainda não percebi o porquê do interesse repentino do mundo pelas minhas minhas amêndoas.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Bolo-rei de frases

O ano começou entre frangos assados e muita sangria. Talvez um prenúncio das muitas reuniões em 2009 da Brigada FA na minha cozinha, sempre bem regadas.
Numa noite onde as passas, o espumante e os abraços sinceros se misturaram como num bolo-rei cozinhado à velocidade de uma batedeira 123, há frases que ficam na memória:

- “Nem a puta da rolha do champanhe conseguimos abrir a tempo… que belo presságio para 2009” (Parola 2, que grande começo… eheh)
- “You are the best gift couchsurfing ever gave me” (a que mais me marcou… há cumplicidades difíceis de abalar)
- “O k tu keres sou eu…” (mesmo por sms esta foi das que mais me fez rir)
- “Tenho andado a ler o teu blogue. Vê lá se em 2009 te deixas de histórias tristes e escreves mais sobre salpicões” (o novo leitor)
- “Gostava que me desses um beijo, mas com os olhos abertos. São lindos” (o louco revelação… há gente para todos os gostos)
- “Tu assustas os homens com essa seriedade e confiança toda. És o género de mulher inalcançável” (esta frase no final da noite deixou-me a dissecar o meu comportamento… em 2009 vou tentar ser mais acessível. Ou não!)

PS – Feliz ano a todos… com muitos cozinhados!