terça-feira, março 31, 2009

Batido perfeito

Há quem ande em busca do "batido perfeito" toda a vida. Na banda sonora da minha culinária da vida, este docinho estará presente porque também eu faço parte desses que andam à procura. Gosto da música. Gosto da letra. Gosto da loucura de quem me enviou o link do vídeo pela primeira vez. Aqui fica para degustação... em tom de "Desabafo":

segunda-feira, março 30, 2009

Ditado gastronómico

Quer queiramos, quer não, os ditados populares fazem muitas vezes sentido. “Longe da vista, longe do fogão” era o que escolhia caso me perguntassem agora qual o que mais se adequa aos últimos dias da minha vida. Cansei-me de jogar às jornadas intensivas dos jogos sem fronteiras gastronómicos. Não há risco de se perder quando nunca sequer se ganhou. Que se lixe a dieta sentimental. Sempre preferi os exageros. (Da primavera.)

segunda-feira, março 23, 2009

Rissol de Paulinha

Há alturas em que nos sentimos fritos pelo óleo das situações em que nos vemos metidos. Aqui vão algumas das que me transformam literalmente num rissol:

- Aos 24 desconfiarmos (se é que não temos já a certeza) que andamos com dores da ciática… Ter uma dor instalada 24h por dia e fingir que não se passa nada dá cabo dos nervos.
- Pagar 300 euros de arranjo de um carro... para três semanas depois este voltar a avariar com mais do mesmo problema. E um possível motor queimado como leite-creme com a brincadeira.
- Sentir que parte de mim continua em cabidela mesmo quando me lanço nos flirts gratinados para compensar a indigestão que por cá ficou.
- Continuar a contar os trocos para as compras da cozinha quando o litro de trabalho mensal se mantém… as melhoras neste sentido só acontecem por esforço-extra da cozinheira, que nem sempre tem real vontade de abdicar da vida social/familiar.
- Ter uma proposta tentadora de um ano a cozinhar fora do país… mas saber que largar o que se alcançou com tanto sacrifício é (talvez) uma burrice nesta altura. Ir ou não ir, eis a questão. Já perdi a conta das vezes que perdi o sono a pensar nisto.
- Não nos sentirmos bem na nossa própria cozinha e por isso não ter vontade de lá regressar ao fim do dia. Isto sim, arrasa qualquer mestra da culinária.

Contudo, acordo todos os dias de bem com a culinária da vida. Costuma-se dizer: “Há quem esteja pior”. E isso é uma grande verdade.

domingo, março 22, 2009

Receitas da gaveta proibida

Há alturas em que simplesmente paramos na cozinha. Deixamos cair as defesas auto-impostas, decidimos esgueirar-nos da caçarola do bom-senso (que sabemos ser o melhor a fazer) e decidimos espreitar para a gaveta proibida das receitas que já têm pó. É como quebrar uma longa dieta cheia de sacrifícios. Nunca o devíamos fazer.

sábado, março 21, 2009

Frase com molho vinagrete

Uma semana longe dos tachos, que se resume numa frase com contornos de molho vinagrete:
"Como é líbida a saudade"

quinta-feira, março 12, 2009

Queques vs Pastéis de Nata

Sou gulosa por natureza. Mas se há bolo para o qual não tenho paciência é o queque! Irrita-me. A mim e às minhas formas de ir ao forno.
Já aqui falei do meu desprezo pelos palitos de la rene. Posso dizer que estão ambos na mesma categoria. Prefiro a conversa de um belo croissant ou até mesmo de um tiramisú, por mais fugazes que sejam. Se bem que o que mais me agrada são mesmo os típicos pastéis de nata (da melhor… cujo segredo certamente é a simplicidade) da minha Lisboa. Crocantes. E quentinhos. E aqui à mão… da minha culinária da vida.

terça-feira, março 10, 2009

Flirt gratinado... ou em vinha d'alhos?

Numa cozinha onde a colher Pauliteira é peça chave, o flirt é provavelmente a maior especialidade da casa. Gosto da capacidade dos jogos de palavras salteados com jindungo, quem sabe num wok bem escorregadio onde as regras da cozedura são ditadas a cada mexida no botão do lume.
O flirt em vilha d’alhos é certamente o mais fácil. Todos os amantes (da cozinha) sabem bem o poder da uva quando toca a tornar mais tenra qualquer situação. Contudo, um flirt gratinado também pode ter a sua piada: uma capa gordurosamente brilhante por cima e por baixo um recheio que ninguém pode ver. E são esses - os condimentos que só pertencem a dois cozinheiros - os melhores de toda a gastronomia mundial.

domingo, março 08, 2009

Quilos de (falta de) paciência

Tenho um colega que muito prezo cuja frase premium é: "tens de ter paciência!". Contudo, há alturas na vida em que a paciência é um ingrediente difícil de encontrar. Tenho procurado em todos os supermercados e não acho o frasquinho deste condimento que habitualmente enchia a minha despensa. A vida não pára, canta Lenine. Os meus tachos também não.

quinta-feira, março 05, 2009

Pastilha elástica

Se as mulheres fossem comparadas a algum doce, ele seria certamente a pastilha elástica (que embora não faça parte da gastronomia tradicional, é apreciada por todos). Rijas que nem umas gorilas, doces que nem o recheio de morango. Fazemos arder a boca quando assim tem de ser e temos invariavelmente uma elasticidade na vida que faria inveja a muitos homens que conheço.
Conseguimos ser maleáveis, mas também conseguimos ficar osbtinadamente coladas até atingirmos os nossos objectivos. Tal como as pastilhas, muitas mulheres são atiradas para o chão quando perdem o sabor. A todos que o fazem, desejo uma bela e dilacerante dor de maxilares. Porque até mesmo uma pastilha precisa de compreensão (e descanso) de vez em quando. A todas as parolas pastilhadas que me rodeiam, um beijo bem elástico vindo do meio dos tachos em brain-storming.

segunda-feira, março 02, 2009

Azeite... com pão

Se tivesse de seleccionar um hábito gastronómico que foge das boas maneiras seria certamente molhar o pão no azeite. Gosto do sabor, da gordura que fica na ponta dos dedos, dos cantos da boca que inevitavelmente acabam por ser lambidos no fim.
Descobri este prazer com um azeite extra-virgem. Molhei lá o pão integral até o galheteiro ficar vazio. De tudo. Mudei para o azeite Gallo: intenso, saboroso. E fui repetindo as variantes da marca até me fartar (ou não).
O meu pão de mistura não resistiu às tentações dos elevados graus de acidez. Nunca um azeite me soube tão bem. Mas também nunca me soube tão mal. Disseram-me que para recuperar o azeite aromático era o ideal. Aquele com ervas frescas fez-me definitivamente bem ao estômago. E agora mais calma, atrevo-me a pensar na versão gourmet, com malaguetas para os meses que hão-de vir aqui na cozinha. Porque a vida deve ser picante todos os dias. E isso é uma verdade absoluta que todas as cozinheiras que se prezam sabem bem.