quinta-feira, julho 28, 2011

Rota das especiarias


Na cozinha ouve-se novamente o tic-tac do relógio de parede. Questiona-se. Fazem-se planos. E torna-se imperativo uma nova viagem até sabores distantes e distintos.
Volta o friozinho na barriga. A curiosidade pelo desconhecido. A vontade inexplicável de absorver cada novo cheiro, cor, textura, sabor. Sei que desta vez vão ser muitas especiarias. Tantas. E é com satisfação que guardo o bloco de notas soltas para novas receitas no bolso… e começo a preparar-me para voltar a ir ver o mundo fora das paredes da minha culinária da vida.

quarta-feira, julho 27, 2011

Queijo (curado) de cabra


É certo que os tachos podem dar muitas voltas… mas por aqui resiste-se - com firmeza - à tentação de embarcar nisto. Há cozinheiras que, simplesmente, não foram feitas para este tipo de gastronomia.


segunda-feira, julho 25, 2011

Carne de porco à la Pauliteira

É difícil resistir-lhe: o porco tem os seus encantos.
Não é que seja obrigatoriamente bonito. Mas seja no lombo, nos pezinhos, nas bochechas, nas orelhas… É inegável o seu gosto guloso. Daqueles que nos faz ficar com os cantos da boca gordurosos, salgados, com vontade de lamber até à última réstia de sabor.
Contudo, não se pode confiar na sua aparência consistente, algo que só se aprende ao fim de muitas queimadelas no churrasco da vida. O porco é porco. E sempre o será. Faz parte da sua essência e não somos nós que, ao degustá-lo nas delícias que nunca passarão do espeto, o vamos mudar. Ele será sempre prejudicial para o nosso estômago, pele, artérias. E coração.
Ainda não me fartei dos galos do campo, mas para porcos já não há espaço. Já tive a minha dose.

segunda-feira, julho 18, 2011

Fast food


Vivemos na era da comida de plástico. Da que se come porque dá mais jeito assim… é mais rápida, está mesmo ali à mão, não dá trabalho a cozinhar, nem traz surpresas no tempero. Pode não nos fazer revirar os olhos de prazer, mas é confortável para o estômago: fá-lo sentir cheio.

A mim isso não me chega. Não me alimenta (a alma). Por muitos dissabores que tenha, na minha culinária da vida não há espaço para menos do que comida gourmet. Que não significa ser caviar…. Muito pelo contrário. Tão pelo contrário.

Acima de tudo opto por ser gourmet comigo mesma. Com os meus valores, com os meus sonhos em castelo. "A fast food mata", não tenho dúvidas. A vida.

terça-feira, julho 12, 2011

Alho e cebola moídos

Cebola – Achas que dou a ideia de ser fácil de refogar?
Alho –  Não mesmo. Acho sim que tens imensa facilidade em falar de comida, e isso desarma. Mas a ti ninguém te leva para a travessa. És tu que escolhes quem deixas lá pousar.

O alho e a cebola estão precisamente deitados na travessa de ir ao forno enquanto têm esta conversa. Descascados. Moídos pelas horas de confecção daquele eterno refogado a que nenhum sabe dizer que não de tempos a tempos. Ele conhece cada centímetro dela. Reconhece pelo toque a sua textura macia. Sabe-lhe de cor o cheiro. E ela gosta disso.

Apaziguada pelo sabor quente do alho que talvez melhor a conhece, sem as habituais mil camadas de casca, ela deixa-se embalar pelo abraço e adormece. O apito da panela de pressão, onde o molho de grelos da cozinha ao lado teimava em cozer a paciência, parece por fim parar. Pelos menos nos seus ouvidos e no seu coração. O seu próprio sumo não a faz chorar. O alho não deixa. E uma cebola, que é cebola, não deita lágrimas pelo que não vale a pena.
E ela gosta disso.

sexta-feira, julho 01, 2011

A refeição completa

Há poucos dias, alguém que muito admiro disse-me: "não queiras menos do que a refeição completa". Olho para os últimos 30 anos da sua culinária da vida e vislumbro aquilo que eu tento a todo o custo esconder. Refogados à parte, na realidade é isto que eu quero. Simplesmente isto: