Quando nem os chocolates (nem o gin tónico) forem suficientes:
terça-feira, novembro 27, 2012
sexta-feira, novembro 23, 2012
Doce de solidão
Em português do Brasil todos os doces parecem saber melhor. Mesmo os de sabores amargos.
terça-feira, novembro 13, 2012
Comida de rua
Há alturas em que somo brindados por palavras inesperadas. Com cheiro a comida de rua, mas com a clareza e calma do menu mais gourmet de sempre:
Ele - “Isto está difícil, não é?”
Eu - “Pois, não está fácil, não.”
Ele - “Mas olhe, há que ter força e não desistir. Ele (apontado para cima) há-de ajudar-nos a todos”
Eu - (Sorriso)
Ele – (Sorriso e um encolher de ombros)
Eu - Boa sorte para si! Desejo-lhe um bom domingo!
Ele - “Para si também, menina!”
Foram estas as palavras que troquei com um sem-abrigo que pedia no trânsito e olhou para mim num daqueles momentos em que a ordenação de ideias nos faz fechar os olhos para nos percebermos melhor.
E, por momentos, tudo se tornou mais claro.
segunda-feira, novembro 12, 2012
Salsicha alemã
Dizem que é rija e pouco dada a variações de tempero. Embora
esteja diariamente nos menus de todas as
casas nacionais, hoje é servida à mesa da Nação. Ao lado do Coelho à Caçador
que, se não se põe a pau, acaba em cabidela. Independentemente de toda a água que se tem posto na fervura, a ambos é dedicado este vídeo tinto (de luto), envelhecido em cascos de muito trabalho e aromatizado com o desespero de quem já mal consegue chegar à mesa…
Para saborear com toda a calma, sob risco de indigestão extrema.
segunda-feira, novembro 05, 2012
Doces recordações
Hoje encontrei este vídeo na Net e deu-me a "Nostalgia". Lembro-me que ele, muito de vez em quando, cozinhava-me a música
do Vitinho na viola. Eu era uma criancinha que conseguia ser chata quando
queria atenção e esta era a forma que ele arranjava para me calar. E eu gostava
muito. Lembro-me também de ele andar sempre com o seu maço SGVentil. Maço, não.
Maços. Tinha sempre dois. Lembro-me também da roupa que a minha avó lhe
cozinhava, para que andasse tipo actor de cinema. E a verdade é que ele parecia
mesmo uma estrela de Hollywood nos anos 50. Lembro-me que ele raramente ria,
mas quando o fazia os olhos brilhavam-lhe como se fosse um garoto. Lembro-me
que ele gostava de queijo da lha e que um dia ficou doente por comer demais.
E nesse dia fui dar-lhe um beijinho à cama, naquele quarto de paredes
cor-de-rosa, que cheirava a after shave misturado com SG Ventil. Lembro-me
também de o ver em palco e de gostar de ser a neta e filha dos artistas que toda a
gente aplaudia com fervor. Mas depressa me fartava e ia brincar lá para fora,
porque a minha energia infantil era como um lume forte que não me permitia
ainda saborear a música em lume brando. Para todos ele era um génio, para mim era apenas o meu avô.
Lembro-me de muitas coisas e, cada vez que penso nele, tenho pena de não termos tido a oportunidade de chegar às conversas de adultos. Às vezes imagino como teria sido cozinharmos em conjunto a nossa obsessão mútua por livros, mezinhas caseiras e mistérios do oculto. E, com nostalgia, não duvido: teria sido um grande repasto.
Lembro-me de muitas coisas e, cada vez que penso nele, tenho pena de não termos tido a oportunidade de chegar às conversas de adultos. Às vezes imagino como teria sido cozinharmos em conjunto a nossa obsessão mútua por livros, mezinhas caseiras e mistérios do oculto. E, com nostalgia, não duvido: teria sido um grande repasto.
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Recordações do livro de receitas da avó
domingo, novembro 04, 2012
Cachorro quente
É quando menos esperamos que este tipo de
pratos acontecem. Aparecem-nos na cozinha, sem aviso prévio e conquistam-nos o
estômago. É certo que há cachorros e cachorros, mas o que agora é
prato principal desta cozinha é bem quentinho. Daqueles ideais para começar o
dia com umas belas lambidelas… e também para acabar, numa refeição demorada
entre as mantas do sofá. Daquelas que viciam e se tornam obrigatórias no menu. Porque, por este lados, o cachorro quente passou
a ser uma receita de amor. Para todos os dias.
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