terça-feira, janeiro 21, 2014

Sopa de inquietação


Há sopas que se cozinham uma vida inteira em lume brando. Esta é uma delas. A inquietação não é um ingrediente que se possa cozinhar com as regras de um livro de receitas. Não há fórmulas mágicas. Nem há temporizadores no mundo que consigam apitar o momento em que ela está pronta a sair do tacho.  

Há quem a ache indigesta. Eu acho-a essencial. Mesmo quando me deixa o estomago às voltas. Mesmo quando o meu peito parece um campo de batalha. Porque é ela, com toda a incoerência que isto possa ter. que também dá mais cor ao meu fogão. Que me faz querer cozinhar mais longe. Que me faz sorrir a cada nova colherada. Que me traz esta calma inquieta. E a sopa sabe definitivamente melhor assim.


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