segunda-feira, maio 10, 2010

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Quantas vezes podemos sentir-nos desiludidos na culinária da vida? Quantas vezes nos podemos surpreender a sorrir? Quantas vezes podemos acreditar em algum sabor? E quantas vezes podemos ter de assumir que, afinal, estávamos errados?
Na cozinha, resisto-lhes. Desacredito na minha capacidade de (ainda) sentir o baque do ingrediente inesperado. Como se houvesse uma total imunidade à alegria e à tristeza súbitas. Mas quando menos espero: saboreio-as. Em dose dupla. Vindas de diferentes frascos presentes na minha prateleira das especiarias diárias. Surpresas que fazem sorrir, desilusões que me tiram a vontade. Certezas transformadas em incertezas. Incertezas transformadas em certezas. Calo-me. Perguntam-me o que tenho. Calo-me. Decido desligar o fogão e não cozinhar. Pelo menos hoje. Amanhã, logo se vê.


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