Na minha cozinha o fascínio do sushi tem-se baseado na crueza. No sabor mais puro, tal qual como ele é. Sem disfarce de pitadas de especiarias. Podia até gostar do lado por vezes peganhento do arroz, mas nada como aquele aroma a verdade rude e absoluta para encher as medidas das minhas incursões em pratos experimentais.
Contudo, foi o factor wasabi que – como em tantas outras vezes – me arrebatou continuamente, enredando-me nas algas que, volta não volta, me foram tirando do sério. Não gosto de me enganar nas receitas, portanto limitei-me a ver o seu lado cru e picante. Até que um dia o wasabi derreteu por entres os paus e usou a palavra amor. Abri a boca, que a única coisa que foi capaz de dizer foi um sorriso. Com as voltas trocadas, reli a receita, em todas as suas entrelinhas, e percebi que às vezes é preciso isto para (voltarmos a) acreditar.
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