sexta-feira, fevereiro 04, 2011

À mesa com o solitário (I)

Eu: O rádio fica sempre ligado?
Ele: Gosto do buliço, preciso dele para dormir. Tu gostas do silêncio?
Eu: Cada vez mais.
Ele: Então tenta ouvir com atenção a melodia que ele tem. O som do silêncio consegue ser um barulho verdadeiramente ensurdecedor.

É sempre naquela esquina que nos cruzamos. Invariavelmente convida-me a entrar e sentar. Às vezes são apenas umas frases rápidas com uma promessa de voltar noutro dia. Outras, deixo-me ficar durante horas, entre o cheiro a cigarros e a madeira velha. Não há comida nesta refeição a dois. Mas volto sempre de barriga cheia.

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