terça-feira, dezembro 16, 2014

Bolo da Amizade

O famoso bolo da amizade (ou bolo das Carmelitas) podia resumir-se em duas palavras: dedicação e partilha. A massa é passada de amigo para amigo, como sinal de desejo de saúde e sorte ao próximo. E depois a sua confecção tanto pode ser encarada como divertida ou aborrecida. Demora, é certo. Mais concretamente, são 10 dias com a mão na massa, sem se poder usar nem a batedeira, nem o frigorífico para acelerar o processo. Mas haverá alguma amizade que se constrói sem esse bem tão precioso chamado tempo? 

Tenho passado uma boa parte da minha vida dedicada a esta receita. A amar aqueles que escolhi ter na minha vida, para lá da herança familiar. Se a receita original das Carmelitas incluía nozes, passas, maçã, canela e demais bocadinhos coloridos adicionados à massa, eu diria que a minha está repleta de cubinhos perfeitos e imperfeitos de aceitação, entrega, gargalhadas e intimidade. Cubinhos que me fazem sentir cheia de muito. E que cada vez menos dispenso conforme os anos vão passando. 

Encontrei estas fotos tiradas há uns bons anos numa noite entre os tachos, nas águas furtadas mais acolhedoras de Campo de Ourique. Exemplos de fatias de um bolo que por mais que se coma nunca fica reduzido a migalhas. Fatias que, embora hoje num cenário diferente, permanecem tão doces quanto naquela altura. Os anos passam e o bolo continua a crescer. Porque não há melhor fermento do que a amizade. E isso eu tenho a sorte de poder comprovar. 


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