quarta-feira, julho 29, 2009

Martini... com gelo

Já aqui falei por várias vezes sobre o quanto me agrada a degustação de vinho do Porto. Desta vez, o dedo cai-me para o Martini.
Há algo de agradavelmente surpreendente nesta bebida que se revela à média luz. É discreta, tem classe, envolve o gelo lentamente, quebrando qualquer barreira existente entre os dois compostos. De uma forma estranhamente rápida. Não me deixa inebriada, o que facilita qualquer entrega ao copo, sem pudor. Gosto destas bebidas que não me deixam melancólica… nem com a cabeça à roda. O Martini, em garrafa XL (como tanto aprecio), passou a ser bem-vindo nesta cozinha.
Sem qualquer ressaca, volto a vestir o avental e penso se não deveria voltar a tentar beber água. A sede, essa continua cá.

sábado, julho 25, 2009

(in)Digestivo

Parola 1 – Paulinha, se nos safarmos desta vamos a Fátima!
Parola 2 – Bom, que seja. Vamos a Fátima!!

E não é que agora vou ter de ir a Fátima, mesmo sendo a maior herege de todos os tempos?
Um jantar de bradar aos céus como entrada, demasiadas garrafas de vinho e caipirinhas de leite de coco como prato principal, uma operação stop como sobremesa… e, como (in)disgestivo, um carro eternamente sem inspecção.
Uma cara de santa, um pisca decidido para fingir que não estou prestes a ficar com a digestão parada e… o polícia manda-me seguir em frente.
Felizmente não nos lembrámos de dizer que íamos de joelhos… mas um almocinho no Tromba Rija já ninguém nos tira! Amén…

quarta-feira, julho 22, 2009

Ananás açucarado

Acordo e tenho um ananás na bancada da cozinha em jeito de prenda de aniversário. É a minha fruta preferida e isso faz-me sorrir. Embora não seja um presente habitual, já me habituei às suas excentricidades.
À sua maneira, esta foi a forma de me dizer que agora está mais por perto e (finalmente) um pouco atento ao que gosto de saborear na minha cozinha. Longe vão os tempos em que me deixava à porta da escola à espera de um prometido almoço de aniversário que não chegava a acontecer. Na mesa ficava sempre um lugar vazio.
Podiam-me dar o mundo, mas os pequenos gestos serão sempre aqueles que mais tocam este meu coração de manteiga. Em imitação aos recados maternos, que se tornaram um hábito ao longo dos piores anos, lá estava o bilhete pendurado no ananás: “Parabéns menina Paulinha. Um beijinho do pai”. Soube-me bem.

terça-feira, julho 21, 2009

Fogão vs Bimby

As novas tecnologias tanto têm de bom, como de mau. Eu diria que não há nada com um forno a lenha, lento, que exige paciência, destreza… mas cujo sabor final que proporciona aos petiscos é inconfundível. Um fogão acelera um pouco as coisas, mas continua a exigir a presença constante e o bom-senso. A mim agrada-me. Acho que fui feita para meter a mão na massa.
Depois chegou a bimby. Tritura, coze, mistura… a 100 à hora, tudo ao mesmo tempo, sob programação. É de uma intensidade estonteante…. O produto final até é bonito, mas o sabor do desafio perde-se pelo meio. Fica a faltar o toque. A mãozinha que tempera...
Diria que é uma bela opção para quem tem medo da cozinha. Para quem prefere as novas tecnologias para amassar mensagens gastronómicas que não tem coragem para dizer em pleno fogão. Umas vezes por cobardia, outras porque simplesmente receia acabar com o tacho queimado. Dispenso (para não dizer abomino) a cobardia. Quanto ao receio, lá vou brincando com ele… enquanto me faz rir.

segunda-feira, julho 20, 2009

Bolo de Paulinha

Bolo. Faço anos e é assim que me sinto. Para o bem e para o mal.
Na vida sou aquela que recebe… com um prazer que talvez torne a hospitalidade no rumo da minha vida. Sou aquela celebra as pequenas alegrias dos outros… e as minhas também. Imprescindível no que toca a casamentos… continuo óptima a fazer caldinhos.
Em alturas de depressão alheia sou uma fatia de optimismo … Mesmo que o meu esteja reduzido a migalhas. Sou tradicional como um pão de ló… mas ao mesmo tempo um bolo/pudim/bolacha num só, cheio de cores e sabores misturados.
Sou uma companhia morna ao pequeno-almoço (continuo a ter dificuldade em falar quando acordo), mas ao jantar sei ser uma sobremesa fresca… com recheios de conversas que podem durar até à seia.Sou um bolo que já foi muito amassado… mas que nunca perdeu a doçura. E que continua a crescer para fora da (habitual) forma da culinária da vida. A cereja, essa ainda a ando a procura-la.

sábado, julho 18, 2009

Tablete de chocolate (de)leite

Depois da importância do "V" ( quarto Vigor? :p), chega à minha cozinha, pela voz de um homem, o recém tema da tablete de chocolate. Dizem as vozes masculinas que é preciso trabalhá-la até ficar recheada de avelãs. Nunca tinha pensado muito nisso, até porque deste lado controlar as regueifas também nem sempre é fácil. Mas na verdade faz a diferença quando chega a hora de derreter sob a chama do fondue…nada como ter algo para trincar!
Seja tablete branca ou preta, sempre achei que o recheio era o que mais interessava. Nada como um caramelo que sabe ficar bem colado quando assim é preciso! Contudo, por mais chocolates que coma, a tablete (de)leite será sempre a que mais gosto. Simples... De servir e de comer.

segunda-feira, julho 13, 2009

Franga com aroma de serenidade

Pondo de lado qualquer ideia louca de dieta, há alturas na vida em que soltar a franga não é a melhor opção. Por mais que as malaguetas da dita no espeto tenham a sua piada, há todo um vazio que fica no fumo do churrasco. E de repente, quando menos esperamos, percebemos que (sem molhos de pimenta verde) há versões mais tranquilizantes para cozinhar a franga... mesmo ao nosso lado. Refogados que surgem do nada. Aromas que nos deixam simplesmente calmos.

Concluo que quando não queremos sequer voltar a olhar para o menu, acabamos novamente em alhadas. Só me falta saber o que fazer agora. Não estou habituada a marinar em serenidade.

segunda-feira, julho 06, 2009

Vinho verde em cálice de cristal

Tal como o vinho verde numa tarde quente de verão, a vida também se encarrega de nos tirar a sede quando estamos prestes a vacilar. De repente a boca refresca e percebemos o quão efémera a sede (nem sei bem de quê) pode ser. Descem na garganta os motivos da tristeza. Sentimo-nos alegres porque a vida é uma caixa de constantes surpresas. E mesmo que neste momento eu (ainda) beba o vinho num cálice cristal, sinto-me assim: