quinta-feira, julho 01, 2010

Pêssego sem calda

Fazer uma sobremesa de pêssego pode ter muito que se lhe diga. É fácil empanturrarmo-nos com aquele em calda, mais acessível, com lata… bem à espera de ser comido. Mas, invariavelmente, na minha cozinha prefere-se uma escolha que inclua trabalhosas idas ao pomar, em busca do fruto mais genuíno. Por vezes em encantamentos rápidos, outras em verdadeiras doses de intensa gula emocional.
Mas o pêssego troca-nos as voltas quase sempre. Podemos sentir a ternura do seu lado mais macio, descascar-lhe essa pele aos poucos e ter uma verdadeira noção do seu aroma. Podemos sentir o seu sumo a escorrer-nos pela boca vezes sem fim, parti-lo em pedacinhos pequenos para descobrir todas as nuances da sua cor. Ele dá-se às nossas mãos. À nossa faca, que descasca as suas verdades eternamente escondidas do resto do pomar. Mas o que é certo é que podemos passar 100 dias a cozinhá-lo, 100 noites a come-lo, e na realidade nunca chegamos a conhecer o sabor do interior do seu caroço. Não sei se vai ser sempre assim, mas eu continuo a vaguear no pomar com o mesmo encantamento... e sem pressa.


1 comentário:

carolina disse...

nunca se deve escolher o caminho mais fácil... neste caso a fruta de lata;)