quinta-feira, dezembro 24, 2009

Rabanadas

As rabanadas são talvez o doce de Natal mais fácil e mais difícil de fazer. São simples, não exigem malabarismos na cozinha. Ao mesmo tempo, são frágeis… ou lhes tocamos com o nosso maior jeito ou partem-se ao meio., desiludidas com a nossa falta de cuidado.

Hoje, enquanto oiço fado e bebo um café num sofá que tantas vezes não consigo sentir como meu, penso nelas. Nas rabanadas da minha vida. Aquelas que entraram sem ser minha escolha. As que, quando dei conta, tinha escolhido. Todas, alvo de carinho incondicional. Decido não enviar sms natalícias em massa. Este ano falo apenas com aqueles que fazem parte da minha travessa de rabanadas. Não são muitos. Alguns passarão pela minha mesa, outros pelo meu telefone, outros eternamente pela minha memória até nos reencontrarmos num mundo longe daqui. Serão para sempre aqueles a quem poderei dizer que não, mas a quem nunca virarei a cara. Aqueles que tantas vezes me magoam, mas também amam… na sua estranha forma de amar. Aqueles por quem partirei… e também voltarei. Aqueles por quem farei as maiores loucuras… E os maiores erros. Aqueles a quem perdoarei todas as dores. Aqueles em quem descarregarei as minhas frustrações… porque sei que estarão sempre lá. Aqueles a quem darei a mão e em cujo ombro chorarei mais uma vez. Aqueles em quem pensarei quando estiver longe… e quando estiver perto. Aqueles que fazem parte de mim. Aqueles por quem nunca vou desistir. A minha gente.


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