sexta-feira, outubro 15, 2010

Conversas na cozinha catariana (parte II)

Ele: Senhora, viaja sempre sozinha?
Eu: Muitas vezes, sim.
Ele: E não tem medo?
Eu: Já não. É algo que se aprende com o tempo.
Ele: Então e o seu marido, porque não vem consigo?
Eu: Não tenho. Em Portugal casamo-nos tarde.
Ele: (silêncio)
Eu: (silêncio)
Ele: Senhora, espero sinceramente que um dia encontre um homem à altura de todas as suas viagens.

("Também eu, Argie. Também eu", pensei sem abrir a boca). No mundo gastronómico, há pessoas que não precisam conhecer-nos há muito tempo para conseguir interpretar um suspiro ou uma meia palavra, que esconde tantas outras por trás. Há quem nos oiça sem termos de falar. Quem nos veja totalmente, sem ter olhado para nós mais do que cinco minutos. E isso sabe bem.

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