quinta-feira, agosto 30, 2012

Bife de tigresa

Há algo de profundamente primário na gula que a carne de tigresa desperta. Para minha surpresa. Aqui na cozinha decidimos incluir este padrão num empratamento que tem mais de gourmet do que de debochado: o peito ficou fora da vista. Das coxas - que aqui digamos que sao bem recheadas - há apenas um pequeno vislumbre. À partida, a mistura nada tem de picante mas, invariavelmente, a língua de quem pousa os olhos nesta carne arde com malaguetas verbais indiscretas. Não sei se serão os meus longos e desalinhados fios de ovos a esvoaçar (que no verão ganham sempre um tom mais dourado e apetecível) que ajudam a chamar à atenção, ou se, porventura, os chispes de tigresa adornados de molho cor-de-rosa também ajudarão à festa. Mas o que é certo, é que há muita gente a salivar por este naco e a dizê-lo com todas as letras. E eu não gosto de me sentir caça grossa.
Sem falsas modéstias, até pode alimentar o ego mas a verdade é que é embaraçoso na maioria dos casos (e não quero com isto dizer que só os homens das obras e afins andam cheios de apetite, entenda-se...). Eu quero acreditar que a culpa é do verão. Porque o calor do forno desta cozinha não está minimamente para aqui virado... E o bife de tigresa não está disponível no menu.


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