sexta-feira, outubro 10, 2008

Molho agridoce

Se misturarmos momentos doces, com pensamentos acres, receios espessos e decisões a que nem a melhor batedeira do mundo conseguiria tirar os caroços da racionalidade, obtemos um verdadeiro molho agridoce, onde a vida ganha contornos cheios de dúvidas e o mais importante é deixado ao acaso em prol do medo de queimar a língua.
Muitas vezes dei por mim a cozinhar a medo. Sou uma cagarolas, bem o podem dizer. Talvez porque na cozinha onde cresci a incerteza foi uma constante durante muito tempo e as defesas que se criam são irreparáveis. Por isso mesmo também nunca fui muita adepta de molhos agridoce. Deito-o fora e raramente o uso nos meus pratos. Mas como a culinária é um desafio constante, abro o tacho e é com um sorriso que conscientemente limito-me a mexer o molho, sem medo. Mesmo sabendo todos os prós que poderá trazer ao meu estômago tenho vontade de arriscar. Estarei a mudar?

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