Na culinária da vida a intensidade do lume do fogão deve ser regulada com inteligência. Há uma facilidade estrondosa em queimarmos alimentos ou até mesmo a mão que tempera.
Há pratos que nem sequer deviam ir ao lume, sob risco de ficarem estragados. Há outros que, depois da fervura, deviam entrar directamente no frigorífico para enrijecerem sem qualquer possibilidade de amolecerem… porque não é essa a sua essência. Têm-me dito que estou obcecada com o controlo. Eu diria que é apenas bom-senso gastronómico.
Vejo-me constantemente a braços com isto das medições do lume. Arrisco brincar com o fogo, quando sei que há uma possibilidade grande de estragar parte da refeição. Por outro lado, deixo despropositadamente(!) a porta do frigorífico aberta e quando dou conta há mais pratos moles do que rijos na minha cozinha. O que fazer com eles é que não sei. Para já, “nada” parece-me a resposta certa. Só não me quero é queimar.
10 comentários:
Se os pratos moles ainda não estiverem estragados ainda vão a tempo de entrarem noutras receitas...
Só não convém fazer como faziam nas cantinas das escolas à 6ªfeira, que invariavelmente serviam uma "jardineira com todos"...
Há uma estrondosa facilidade em cairmos na tentação da jardineira com todos... não exige grandes decisões.
Eu cá prefiro a simplicidade do arroz com feijão. O problema é lá chegar.
Cara Paulinha,
Na culinária da vida só há uma forma de não se queimar: é não cozinhar...
Ora, até para um homem tal opção parece inviável, pelo que (sem me atrever a dar conselhos) sugiro uma abordagem talvez mais realista mas que certamente lhe irá dar mais "alegrias": cozinhe o que lhe apetecer, e deixe-se queimar...pouco de cada vez.
No que me diz respeito, não me posso queixar e a prova é que me mantenho sem grandes chamuscadelas...mas que as há, lá isso há.
Pertinaz? Se é o "pertinaz" que julgo ser, faço-lhe juz ao nome.... vê-lo aqui pela cozinha foi a surpresa do dia!
Obrigado pelo conselho. Só ainda não percebi qual a fórmula secreta para nos queimarmos só um bocadinho. No que toca a churrascos (e à culinária em geral), sou pessoa de exageros...
Bem-vindo aqui aos tachos... mas sshhiiuuu... Esta cantinho é segredo! ;)
Modéstia à parte, sabia que a ia surpreender com esta "aparição".
Prometo manter o segredo se não me expulsar do "cantinho".
Quanto ao segredo para evitar queimadelas exageradas (sim, porque um ligeiro ardor/calor também sabe bem), devo confessar que também eu tenho dificuldade em desvendá-lo...a solução que encontrei foi ir experimentando/doseando a intensidade do fogo.
Prometo no entanto partilhar os resultados das experiências.
Uma coisa devo dizer-lhe: evito os churrascos porque também eu sou de exageros e tenho medo de me queimar a sério! (tenho a desvantagem de ser homem, ou melhor, de ter pêlos e dar-me mal com depilações violentas).
Se se revelar um bom garfo, não o expulso aqui da chafarica! Palavra de cozinheira ;)
Ps - Uma febra sabe duplamente melhor se pelo meio queimámos um bocadinho do dedo para a virar da grelha...
Provavelmenbte tem razão, mas depois de ler os arquivos de 2007, li umas referências a italianos que me deixaram surpreendido (a tal ponto que lá deixei uma prosa).
É que eles cada vez gostam menos de febras e muito menos de esquentadelas!!!
Pizzas e muitas massas não fazem própriamente o meu género, nem de qualquer espécime que se preze...
Talvez o seu périplo por Itália não tenha sido tão gastronómicamente divertido como o meu. Olhe que há muitos mitos sobre os ditos "tomates italianos"... Sem dúvida que (a) lata não lhes falta, mas no fundo são bem recheados de virtudes. Como em qualquer parte do mundo... depende dos que se escolhe ;)
Tem razão, Itália não correspondeu às expectativas - nem sei porque insisto, já que as desilusões duram há anos. Já de Cabo Verde não posso dizer o mesmo...
Boa viagem e proteja-se... Essa coisa do Alka-Seltzer não me parece o ideal para quem se atira de cabeça no mundo dos sabores exóticos...
Obrigado!
Mas fique descansado... o Alka-Seltzer é apenas relativo ao cansaço. Quanto à viagem, vou mais em formato "Pimientos padron, unos pican y otros non". Com o pé na estrada não há azia que me apareça ;)
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