Porque uma refeição simples deve ser acompanhada por uma música simples. Porque nem tudo tem de ser complicado.
sexta-feira, outubro 31, 2008
quinta-feira, outubro 30, 2008
Lágrimas de cebolada
Fazer uma cebolada sem deixar cair uma lágrima é uma tarefa difícil… que eu vou conseguindo de forma heróica uma após a outra. Mas tinha de chegar o dia em que os meus olhos entupidos não aguentavam mais.
As rodelas de cebola foram-se acumulando e sim, é verdade, nos últimos dias tive uma lágrima ao canto olho. Senti-me triste, sem vontade de falar, atolada nas angústias que se arrastam há meses (algumas há anos). Umas tão perto, outras tão longe. Mas todas presentes no meu coração de manteiga.
Cada vez que pego na faca para descascar as cebolas da minha vida faço-o de forma furiosa, sem dar azo a fraquezas. Foi assim que cresci e é isto que todos esperam de mim. Sou o pilar. A que resiste a todos os ácidos. Contudo, há alturas em que é preciso deixar descer as tristezas e por momentos ser uma cozinheira que chora. Que não diz piadas a toda a hora, que não tem sempre um sorriso, que também precisa de espaço para reaprender a ver o lado positivo das situações. Nem eu me reconheço. Mas por esta vez dou-me ao direito de me sentir assim.
Hoje as cebolas já refogaram no azeite proveniente de uma boa conversa. Azeite virgem de emoções, de compreensão, onde foram salteadas as primeiras verdadeiras gargalhadas da minha semana. Daqui a uns dias tenho a certeza que das cebolas não vai restar nada na minha cozinha.
As rodelas de cebola foram-se acumulando e sim, é verdade, nos últimos dias tive uma lágrima ao canto olho. Senti-me triste, sem vontade de falar, atolada nas angústias que se arrastam há meses (algumas há anos). Umas tão perto, outras tão longe. Mas todas presentes no meu coração de manteiga.
Cada vez que pego na faca para descascar as cebolas da minha vida faço-o de forma furiosa, sem dar azo a fraquezas. Foi assim que cresci e é isto que todos esperam de mim. Sou o pilar. A que resiste a todos os ácidos. Contudo, há alturas em que é preciso deixar descer as tristezas e por momentos ser uma cozinheira que chora. Que não diz piadas a toda a hora, que não tem sempre um sorriso, que também precisa de espaço para reaprender a ver o lado positivo das situações. Nem eu me reconheço. Mas por esta vez dou-me ao direito de me sentir assim.
Hoje as cebolas já refogaram no azeite proveniente de uma boa conversa. Azeite virgem de emoções, de compreensão, onde foram salteadas as primeiras verdadeiras gargalhadas da minha semana. Daqui a uns dias tenho a certeza que das cebolas não vai restar nada na minha cozinha.
segunda-feira, outubro 27, 2008
Fome... das que arrebatam
Numa dieta os momentos de fraqueza são fatais. Descobrimos que os ingredientes suculentos que fazem agora parte da nossa vida afinal não preenchem a fome que ficou para trás. Aquela fome que nos arrebatou e que nem deu conta (ou não quis dar). A fome que se transformou numa indefinição gastronómica cujo sabor, por mais amargo que seja, resiste. Doce. Oiço esta música e sinto-me uma idiota.
quinta-feira, outubro 23, 2008
Declaração de amor gourmet
O verdadeiro prato gourmet que se segue tem sido tema de algumas conversas. Decidi publicá-lo aqui porque também para mim tem um gosto especial. Porque sim, o olhar perfeito existe. Porque sim, ainda há quem faça declarações de amor (por vezes desajeitadas mas surpreendentes). Porque acredito que em tempos de sabores azedos, o que de mais doce existe acaba sempre por aparecer (de onde menos se espera).
À vossa, minhas parolas, colegas dos destemperos! :)
À vossa, minhas parolas, colegas dos destemperos! :)
sábado, outubro 18, 2008
Banquete de emoções


Ps - É em fotos como estas que percebo a minha gigante dificuldade em manter uma aparência respeitável quando estou totalmente descontraída. Por mais que me peçam uma cara séria acabo sempre nestas figuras duvidosas. Nunca serei uma cozinheira respeitada!
sexta-feira, outubro 10, 2008
Molho agridoce
Se misturarmos momentos doces, com pensamentos acres, receios espessos e decisões a que nem a melhor batedeira do mundo conseguiria tirar os caroços da racionalidade, obtemos um verdadeiro molho agridoce, onde a vida ganha contornos cheios de dúvidas e o mais importante é deixado ao acaso em prol do medo de queimar a língua.
Muitas vezes dei por mim a cozinhar a medo. Sou uma cagarolas, bem o podem dizer. Talvez porque na cozinha onde cresci a incerteza foi uma constante durante muito tempo e as defesas que se criam são irreparáveis. Por isso mesmo também nunca fui muita adepta de molhos agridoce. Deito-o fora e raramente o uso nos meus pratos. Mas como a culinária é um desafio constante, abro o tacho e é com um sorriso que conscientemente limito-me a mexer o molho, sem medo. Mesmo sabendo todos os prós que poderá trazer ao meu estômago tenho vontade de arriscar. Estarei a mudar?
Muitas vezes dei por mim a cozinhar a medo. Sou uma cagarolas, bem o podem dizer. Talvez porque na cozinha onde cresci a incerteza foi uma constante durante muito tempo e as defesas que se criam são irreparáveis. Por isso mesmo também nunca fui muita adepta de molhos agridoce. Deito-o fora e raramente o uso nos meus pratos. Mas como a culinária é um desafio constante, abro o tacho e é com um sorriso que conscientemente limito-me a mexer o molho, sem medo. Mesmo sabendo todos os prós que poderá trazer ao meu estômago tenho vontade de arriscar. Estarei a mudar?
quarta-feira, outubro 08, 2008
O Segredo... da culinária

Na minha cozinha cozinhou-se durante algum tempo sem sentimento. Um género de fast food à pressão, em que o que interessava era despachar e enganar o estomâgo repetidamente. Não que eu seja uma cozinheira fria, mas às vezes sermos demasiado racionais e ponderados tem destas coisas. No entanto, os meus tachos trocaram-me as voltas e dei por mim a querer usar os meus temperos sem pensar muito. Deitar uma pitada de sentimentos no meu espaço gourmet e cozinhar com o coração. Se vou ser bem sucedida não sei. Mas a minha mão para a cozinha nunca esteve tão doce como agora.
sábado, outubro 04, 2008
Churrasco de amizades
A amizade pode ser comparada a uma grelhada mista: vários tipos de carne que não têm nada a ver mas que juntos são um repasto dos céus. Nada como um amigo armado em bife do lombo para dar conselhos muito tenros e cheios de razão. Ou uma amiga tipo entremeada que no meio da tira de gordura ternurenta nos diz as verdades que não queremos ver. Ou até aqueles em formato de salsicha, que, contra muitas probabilidades, despem a capa picante e se transformam em ouvintes pacientes. Tenho a sorte de viver rodeada por uma fantástica grelhada mista que me dá toda a atenção quando acabo transformada numa espetada queimada. Seja na brasa ou na travessa após horas à mesa, estão sempre cá em todas as ocasiões.
Fogão apagado
Porque há alturas em que finalmente se percebe que o melhor a fazer é apagar os bicos do fogão, respirar fundo e só depois voltar a ligar o gás para recomeçar com um novo estilo de culinária. Menos gorduroso. Mais saudável. E certamente muito doce. Eu estou disposta a tentar.
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