quarta-feira, março 31, 2010

Temp(er)o

O tempo é uma das palavra-chave na culinária da vida. Às vezes os pratos apuram, noutras acabam queimados, noutros ficam desfeitos, noutros enrijecem sem volta a dar. Tudo por causa do tempo. A mais, a menos. Não é a primeira vez que falo nisto, mas hoje apetece-me outra vez.
Há uns tempos, um grande amigo disse-me “Paulinha, as pessoas esquecem-se frequentemente do privilégio que é ter tempo”. Tinha acabado de chegar de uma volta ao mundo, entre pratos de todas as cores e sabores. No meio de frigideiras com restos eternamente colados e pedidos que nunca terminam de chegar ao balcão da minha cozinha, oiço o tic-tac também constantemente contra mim. Ele voa, eu não o vejo passar. Não é que tenha aumentado o ritmo, apenas se mantém ano após ano. E assim ganha velocidade sobre a minha capacidade de resposta.
Aproveito o “tempo” o melhor que posso quando saio das obrigações diárias. Deixo as outras em banho-maria porque estou cansada de as ter quando não são, realmente, minhas. Conduzo à noite rumo a casa com os olhos a teimarem fechar-se a qualquer minuto sem me darem poder de escolha. Ultimamente tem-me acontecido mais do que eu desejava. Durmo 13 horas seguidas pela segunda vez na mesma semana. Estarei esgotada? O corpo revela-me que sim. Mas é cá dentro que mais o sinto.

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