Batemos os castelos para eles se desfazerem a seguir. Mas insistimos em voltar a ergue-los. Porquê? Talvez porque aqueles pequenos momentos fugazes nos fazem roçar aquilo que julgamos ser a felicidade. A memória faz o resto. Vale a pena? Ainda não percebi. Mas acredito que sim. Nem tudo tem de ser percebido.
Continuo a bater porque desisitir não faz parte das coisas que me estão permitidas. Mudo de mão. Troco o garfo por um batedor de claras. Mantenho apenas a essência da receita: uma pitada de mim. Por mais vezes que mude e escolha novas formas de chegar aos meus castelos, eu sou o único ingrediente que nunca me irá faltar. Por mais longa que seja a travessia:
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
Que já tem a forma do nosso corpo,
E esquecer os nossos caminhos que
nos levam sempre aos mesmos lugares
É o tempo da travessia.
E se não ousarmos fazê-la,
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos"
(Fernando Pessoa)
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