terça-feira, janeiro 15, 2008

Palavras salteadas

Há alturas em que as palavras são precisas. Têm de ser ditas. Têm de ser ouvidas. Porque não escritas e lidas. Uma palavra a mais pode mudar tudo. Uma a menos também. Mas a sua ausência é um mistério.
Adoro quando não são precisas palavras. Quando basta um olhar. Um sorriso. Até mesmo uma simples cotovelada. Já disse muitas vezes que prefiro um silêncio cúmplice a mil palavras. E até sempre fui boa nesses silêncios. Mas agora não é isso que me apetece. Quero todas as palavras (as mil que podem ser reduzidas a 2 ou 3), todas as letras. Porque o silêncio já não condiz comigo. Estarei a mudar?
Como diria uma música da Mariza, que me levou a escrever este texto cheio delas, “há palavras que nos beijam como se tivessem boca”, “palavras que se recusam”, “de repente coloridas entre palavras sem cor”, “esperadas, inesperadas, como a poesia ou o amor”.
Porque um olhar nem sempre é possível. E porque eu digo sempre o contrário do que na verdade gostava de dizer.

2 comentários:

Anónimo disse...

É bonito. Eu também gosto de palavras e também concordo que as palavras têm poder. Um poder imenso. Uma só basta para ferir alguém de morte. Uma só basta para mostrar o que sentimos. Mas também acho Paulinha que é uma virtude compreender a linguagem do silêncio. Alguém disse um dia "se não compreendes o meu silêncio, como podes entender as minhas palavras". E concordo. A cumplicidade, aquela mesmo cumplice está no silêncio... na capacidade de falar pelo olhar. E sabes, disse-me um amigo que está longe que o silêncio é a linguagem da saudade. Raramente falo com ele, mas comunicamos muito! ;-)

Beijo
C.

Chef Cosme disse...

Neste momento os meus dotes de comunicação através do silêncio estão totalmente entupidos. O meu frigorífico precisa de muitas palavras para cozinhar... sejam elas salgadas, doces, picantes ou até mesmo azedas :)