sábado, maio 09, 2009

Mão de vaca

Nunca tive muito jeito para este prato. Sempre fui a “boa onda”, a “rapariga com o sorriso na cara”. Na realidade, não gosto de discussões ao fogão. Com uma dose nata de bom-senso (e nisto posso puxar a brasa à minha sardinha sem me sentir constrangida) zelo sempre pelo bem-estar de todos os frasquinhos da minha cozinha. Cada um à sua maneira, porque cada especiaria é única.
Esta semana senti, como há muito não sentia, que esse cuidado não foi tido comigo. Que quem tinha por obrigação poupar-me ao vinagre de recordações antigas - que nem mesmo o maior recheio de perdão consegue fazer esquecer - simplesmente não o fez.
Senti-me zangada… ai se me senti. Tive vontade de gritar, atirar os tachos pelo ar, voltar a fechar-me na despensa do rancor de onde tive de aprender (sozinha) a sair. Como em todas as situações, fui a “chef gourmet” que acho que já todos esperam que eu seja. Eu incluida. Levantei-me e saí. Porque o silêncio muitas vezes vale mais que mil palavras. E eu não sou lá grande coisa nisto da mão de vaca.

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