domingo, outubro 07, 2007

Entre uma francesinha e um jarro da casa

Ingredientes:
1 francesinha
1 jarro de tinto da casa
kilo e meio de frases nortenhas

Receita:
Num tabuleiro põem-se dois lisboetas,a francesinha e o jarro da casa. Liga-se o lume e enquanto se aguarda dizem-se umas boas frases nortenhas de mão na anca.

Explicações:
Ir ao Porto agrada-me sempre. Talvez porque sempre tive bons momentos lá.

Zona ribeirinha, dez da noite. Frente a uma francesinha e a um bom vinho da casa, dei por mim em grandes gargalhadas com o meu melhor amigo (Nuno, já lá vão 19 anos!). Fomos jantar ao sítio mais pitoresco possível... com faducho a tocar e um ambiente bem familiar. Três frases marcaram a noite e deixaram-me deliciada com o "à vontadinha" do pessoal do norte. De mão na anca, a empregada mais velha gritava com a mais nova por causa de uns talheres em falta:
"Olha lá, debes achar que eles bão comêr cus pés!"
Fui apanhada desprevenida e não consegui deixar de soltar uma gargalhada bem alta. Ela piscou-me o olho e completou o raciocínio: "Tem de ser menina! Os turistas gostam de achar que nós somos fodidas!".
Mas a melhor da noite ainda estava para chegar. Um alemão ao meu lado bebia cerveja como quem bebe água... coisa comum. À terceira caneca de meio litro, a fantástica empregada supera todas as minha expectativas: "Mais uma??! Fôgo, se fosse meu marido fodió tôdo! Punhó a dourmir debáixo da câma!".
Perante o meu ataque de riso e o de todos os portugueses presentes, o homem ainda me pediu para traduzir. Achei melhor dizer apenas que "o pessoal do Porto é muito brincalhão".

É incrível como Portugal é um país tão pequeno mas com tantas pessoas diferentes. É como se tivessemos dezenas de pequenos países, com diferentes culturas, dentro de um só. Foi um fim-de-semana de reencontros com o passado. Longas conversas, desabafos, confissões, gargalhadas, muitas gargalhadas. E claro, a nostalgia.

4 comentários:

Lady C. disse...

Oh minha Paulinha não eras tu que dizias no outro dia ao almoço "ai que já fui tão feliz no Puorto!"? :-) Por muito que diga a música "nunca voltes ao lugar onde já foste feliz", acredito que o regresso, por vezes, sabe a mel. Assim é no teu caso. Eu, confesso, gosto do Porto no geral, menos no particular. Ahahahhahah

Beijos

Chef Cosme disse...

Quando estava a escrever este texto lembrei-me dessa nossa conversa! Já fui muito feliz no Porto, bem o posso dizer :)

Desta vez a felicidade foi proporcionada por motivos bem diferentes e, não fossem as confissões inevitáveis sobre essas memórias, teria sido ainda muito melhor. Como diria o outro, "quem me leva os meus fantasmas?"... neste caso so mesmo a bela da vinhaça! eheh

Anónimo disse...

Também eu tenho um daqueles fascínios pseudo-românticos com essa linda cidade. Já lá estive em diferentes cenários, com diferentes personagens e sempre, SEMPRE, me senti bem.

Como se a própria cidade condicionasse as interacções que lá se desenvolvem! Vaguear pela Ribeira, comer a francesinha e olhar a Ponte D. Luís sob nevoeiro intenso como se fosse a primeira e a última vez...

Ai I miss OPorto...
Saudosista A.

Chef Cosme disse...

E mesmo que uma pessoa até se sinta meio tristonha, o Porto oferece um remédio rápido e imbatível: uma passagem pelo Bulhão! É impossível não ficar bem-disposta depois de vaguear por aquele espaço ao som dos maiores despautérios que se possa imaginar :)