terça-feira, outubro 30, 2007

A arte de meter a mão na massa

Ingredientes:
100g de farinha
1 boa dose de garra
paciência qb

Receita:
Juntam-se todos os ingredientes e mete-se a mão na massa. Sova-se com garra até doer os braços, aguarda-se com paciencia que cresça e decide-se com inteligência o modo de apresentação.

Explicações:
Sempre gostei de meter a mão na massa. Em todos os sentidos da frase. Detesto ficar apenas a pensar como seria, sem nunca tentar. Adoro a sensação de começar a juntar os ingredientes um a um, tentando perceber se algo está mal e depois o melhor: socá-la violentamente em busca de um resultado final.
Há que saber rodopiá-la quando o caminho que estamos a seguir não é o correcto. Pôr um bocadinho mais de água quando a situação começa a ficar dura. Mas há que continuar a sová-la até chegarmos ao ponto certo.
Mesmo nos tempos de espera, como no da levedura, temos de saber ter a paciencia necessária e ficar atentos debaixo do cobertor que tapa o alguidar... qualquer brisa que entre na massa pode mudar o rumo da história e lá voltamos nós à fase do amassar.
Seja ela folhada ou quebrada é sempre com muito prazer que a estendo no tabuleiro e escolho a forma de apresentação. Por vezes em pequenos bolinhos, servidos rapidamente para os comilões mais ávidos. Noutras vezes, embora sejam poucas, guardo tempo para decidir qual a forma mais bonita e inteligente para transformar a massa num bolo forte.
A maior satisfação vem quando alguém trinca o produto final e, além de gostar, entende a essência de todos os ingredientes adicionados na massa que tanto exigiu de mim. Talvez por isso goste tanto da minha profissão. Por falar nisso, está na altura de meter a mão na massa. Só espero que não saia daqui um pão esfarelado.

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