
200g de mostarda
1 rolo da massa
Receita:
Há uns tempos, a mostarda chegou-me ao nariz. Tinha pimenta a mais, era demasiado amarela (tipo cor-de-burra quando foge) e a sua consistência não era nenhuma. Uma mostarda vazia. Um género de vómito mascarado. Só este tipo de mostarda é que é capaz de despertar a padeira de Aljubarrota que há em mim. Com a colher de pau e o rolo da massa na mão, prontos para um duelo ao pôr-do-sol. Foi o que aconteceu um dia destes…
Dei por mim a dizer a seguinte frase: “Ó minha querida, de meu só te dava uma coisa: os nós dos meus dedos espetados na tua fronha”. Estranho, não? Não me considero uma pessoa agressiva. Aliás, até costumo ser muito paciente e a violência nunca me parece ser uma opção. No entanto, tudo isto muda quando alguém faz mal a um dos meus amigos. Sim, embora possa parecer uma frase batida, para mim os amigos são sagrados.
Tenho a sorte de ter alguns, daqueles verdadeiros. Dos que estão sempre lá, seja qual for o prato que lhes meto à frente. Sinto por eles um sentimento incondicional. Amor, suponho. Talvez por isso seja para mim inconcebível que alguém possa prejudicar deliberadamente estas pessoas que tanto prezo. É verdade, sou uma paz d’alma, mas a mostarda chegou-me ao nariz… e subiu-me à cabeça. Molho assim a minha batata frita, em todas as mostardas insípidas deste mundo. Brindo à vossa ignorância.