terça-feira, novembro 27, 2007

Secretos de visualizações

Ingredientes:
1 lata de polpa de visualizações
Secretos de felicidade
200g de imaginação

Receita:
Põem-se os secretos estendidos num tabuleiro e rega-se com a polpa de visualizações. Leva-se a alourar em 200g de imaginação.

Decidi dedicar-me ao exercício das visualizações. Deitei-me na minha cama e fechei os olhos. Dez segundos depois voltei a abri-los. Estava indecisa. Afinal quais são os meus objectivos para o futuro? É claro que tenho alguns bem delineados… mas serão os correctos? Em vez de impor um pensamento, decidi deixar a minha imaginação funcionar livremente.
Fechei novamente e ali estava eu. Ao fogão. Oiço duas vozinhas a gritar “Mãããe”. Uma figura masculina envolve-me a cintura. Abro os olhos e não consigo evitar: “Ao fogão?!?! O teu futuro é esta sopeirice?”. Mas na realidade não me sentia nada sopeira na visualização.
Tento de novo. Desta vez surge um cenário romântico. Estou numa sala acolhedora e a tal figura masculina (cujo rosto não existe, talvez porque não exista um rosto possível na minha mente) puxa-me para dançar. Pelo simples prazer de dançar. Volto a abrir os olhos sem perceber nada.
Última tentativa, digo eu. Desta vez estou de pernas cruzadas num sofá confortável. É de noite e eu escrevo afincadamente num portátil. Pelo prazer com que escrevo, suponho que seja uma reportagem. Surge a tal figura, mais uma vez. Massaja-me os ombros e diz que está desejoso por ler. Desisto. A minha imaginação parece uma novela.
Horas mais tarde decido reflectir sobre isto e concluo que o nosso cérebro é uma máquina surpreendente. Embora pareçam cenas banais, no fundo a minha imaginação só transpareceu os meu desejos mais íntimos: 1º Ser mãe. 2º Ter uma relação de muita cumplicidade. 3º Estar intelectualmente activa, tendo ao meu lado uma pessoa que apoia a minha carreira.
Claro que há muitos objectivos além destes. Viagens, projectos profissionais, etc. Mas se calhar é nestas situações tão banais que vou encontrar a plenitude. Desejos à partida simples, penso. Mas terá a felicidade de ser uma coisa complicada?

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